Feira de socialização no Dom Luís mostra resultado de formações no Centro Social SOS

O resultado de formações ministradas pelo Centro Social Aldeia SOS, no quadro de um projecto financiado pelo Fundo do Ambiente, está a ser mostrado desde o início da manhã deste sábado na Praça Dom Luís em São Vicente, na primeira de três feiras que a instituição pretende organização e que visam mostrar que é possível ser criativo, reaproveitando e reutilizando a maior parte das coisas que, normalmente, são descartadas.

Esta feira, que reúne mais de 50 formandos, mostra produtos dos cursos de costura criativa, cujo stand foi patrocinado pelas padarias de São Vicente. Há também stands de tapetes e almofadas feitas a partir de tecidos, roupas velhas e recipientes fora de usa e artesanato. “Temos ainda um atelier de customização em que os visitantes podem adquirir uma peça de vestuário no stand de roupas usadas e pedir para ser transformado, em presença, numa bolsa ou outra peça criativa”, explica Patrícia Évora, do Centro Social SOS.

Ao percorrer os vários stands desta feira, encontramos ainda produtos de uma formação sobre a reutilização de água. Aliás, aproveitou-se esta oportunidade para ministrar um workshop de filtros caseiro e compostagem. “Quisemos mostrar as pessoas como é tão fácil fazer um filtro e a compostagem, reutilizando produtos que costumamos descartar, como cascas de batata e de ovos e outros. Também fizemos um workshop para mostrar a importância de poupar água e sobre o uso de pesticidas naturais.”

O stand é liderado por crianças com necessidades educativas especiais que, segundo Patrícia, abraçaram a ideia, aprenderam e estão a transformar este projecto num modo de vida, com supervisão de pessoas abalizadas. Paredes-meias encontramos um stand de hortícolas, produzidos com água reutilizada e pesticidas naturais, um outro de plantas ornamentais e ainda um terceiro com vasos utilizados na ornamentação feitos de cimento.

“Demos ferramentas para homens e mulheres – tivemos metade de homens e metade mulheres no curso de costura criativa. São sobretudo nossos beneficiários directos, ou seja, mães de pais de nossas crianças internas. Mas também tivemos famílias de cinco comunidades: Ribeira de Craquinha, Ribeira Bote, Bela Vista, Ribeira de Julião, especialmente da zona de Casa para Todos de Chã de Marinha, e Ribeira de Passarão. Tivemos também algumas famílias vulneráveis e jovens que estamos a empoderar”, clarifica.

A par desses cursos mais, estes beneficiaram ainda de formação em Kit Poupança, um mecanismo ou ferramenta que pode ser usado por qualquer pessoa, seja donas de casa ou pessoas com projectos de microempresas. Esta permite rentabilizar os recursos financeiros através de planilhas que permitem controlar as despesas e aproveitar os meios. Numa segunda fase, os formandos vão aprimorar as técnicas que aprenderam agora.

Paralelamente, o centro mantém em marcha a sua campanha “Não alimenta esmola, alimente o futuro”, que é um apelo a sociedade civil para se aproximar do centro, mas também para evitar dar dinheiro, roupas e géneros às crianças na rua. “Entendemos que existem instituições, como o Centro, que acaba por prestar este tipo de apoio. Se as pessoas quiseram ajudar, que o façam através dessas instituições”, diz Patrícia, que destaca, igualmente, a campanha de responsabilização parental, direcionada à conscientização das famílias e da população em geral.

Formandas satisfeitas

Era visível a satisfação dos formandos, que exibiam com orgulho os produtos expostos. É o caso de Firmina Santos, uma das três mulheres em um stand onde estavam expostos costura, bordados, reciclagem, bijouteria, de entre outros produtos. “Estamos aqui para ajudar porque o Centro Social SOS já me ajudou muito. Todo o trabalho que está aqui exposto foi feito por nós três. Temos também roupas, carteiras e puf, que podem ser colocados no quarto de dormir, sala e casa de banho. Sevem para sentar e para armazenar qualquer coisa, desde roupas intimas, brinquedos, etc”, comemora.

Mais contida, a jovem estudante Maria Carlos mostrava vários recipientes customizados que, afirma, podem ser utilizados com porta-papel higiénico ou para crianças guardarem lápis de pintar e/ou para armazenar pincéis e lápis de maquiagem. Todos os produtos foram feitos com material de reciclagem. Já Mircêa Pereia não tem dúvidas que, com as formações, ganharam muita experiência. “Estas formações vão nos servir para a vida. Podemos montar o nosso negócio, mas também produzir presentes personalizados, que fazem a diferença”, pontua.

 Para realizar esta feira de socialização, o Centro Social SOS contou com apoio de várias instituições em São Vicente, caso por exemplo da Câmara Municipal de São Vicente, Polícia Nacional, ANAC, Electra, Associações para Defesa dos Consumidores (Adeco), de entre outros.

Constânça de Pina

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