O presidente da Associação dos Armadores de Pesca acredita que Cabo Verde terá, até 31 de dezembro de 2025, uma frota semi-industrial com sonares para detectar cardumes e congelação a bordo por forma a responder às exigências da União Europeia. Suzano Vicente estriba-se no Acordo de Pescas que, diz, dá possibilidade ao Governo de investir no sector extrativo da pesca semi-industrial.
“Espero que consigamos ter uma frota cabo-verdiana para responder a este desiderato. O Acordo de Pesca dá a possibilidade de o Governo investir no sector extrativo da pesca semi-industrial. Durante muitos anos têm desviado unicamente para a pesca artesanal. Não somos contra, mas tem de haver recursos para a pesca semi-industrial de forma a que a nossa armação possa abastecer as conserveiras e evitar de vez a questão da derrogação”, defendeu.
Suzano acredita, entretanto, que o Governo vai convocar os armadores para que, juntos, possam encontrar uma alternativa viável, que passa pela capacidade de terem embarcações para laborar na zona económica exclusiva e ir a outras paragens. “A nível da pesca semi-industrial temos uma frota que labora nas nossas águas, ou seja, até 12 milhas da linha da costa. É preciso conceder às nossas embarcações a capacidade de detectar cardumes e de congelação a bordo. Para operar na ZEE precisamos de navios atuneiros para tirar proveito do manancial disponível, que tem sido aproveitado por outros.”
Questionado se em apenas um ano vão conseguir reunir todas estas condições, o presidente da APESC passa a responsabilidade ao Governo. “Esta não é a nossa responsabilidade, mas quero acreditar que será possível, pelo menos a nível da nossa frota semi-industrial. Para isso, basta fornecer os equipamentos necessários. Temos um projecto que vamos enviar ao Ministro do Mar. Trata-se de um plano para fazermos uma experiência, equipando duas embaraces com sistemas de frio e de sonares”, garantiu Suzano Vicente.
Neste momento Cabo Verde tem cerca de 30 embarcações semi-industriais, entre 12 e 22 metros de cumprimentos e capacidade de carga entre 15 a 40 toneladas. Este responsável acredita que estão reunidas as condições para garantir a segurança alimentar das populações. Já a nível industrial, admite que o país carece de um projecto a longo prazo para atender as demandas da UE.
A derrogação das pescas, refira-se, permite que Cabo Verde exporte produtos transformados de pesca para a União Europeia isentos de taxas alfandegárias. Tem sido, ao longo dos anos, a forma encontrada pelos sucessivos governos para manter o sector conserveiro a laborar em Cabo Verde, uma vez que a maioria das empresas do sector existentes no país são de origem espanhola.