A bióloga marinha Márcia Costa destacou hoje o trabalho que o Imar, antigo INDP, tem estado a desenvolver na área da Aquacultura em C. Verde, um segmento que, para ela, é fundamental para o desenvolvimento da pesca no arquipélago. Esta especialista brasileira salientou que tem estado a trabalhar nesse domínio há mais de 30 anos, nomeadamente em projectos-piloto para criação de isco vivo, reconhece, porém, que os resultados nem sempre coincidiram com as expectativas.
“O país tem lutado bastante para desenvolver a aquacultura, mas não obtivemos os resultados aguardados. No entanto, cada etapa é um aprendizado que nos permite hoje ter dados importantes em determinadas áreas”, refere a bióloga, salientando que Cabo Verde teve a audácia de inicar a construção de um laboratório de apoio à investigação na zona traseira do IMar, mas que, entretanto, foi afectado pela tempestade Erin, que provocou chuva torrencial no dia 11 de agosto, em S. Vicente.
Apesar desse desaire, diz Márcia Costa, o instituto público continua a apoiar os produtores, salientando que existe neste momento em S. Vicente duas grandes empresas de aquacultura em funcionamento: a Fazenda do Camarão, no vale de Calhau, e a Nortuna, na praia de Flamengo, esta unidade especializada na reprodução de esmoregal e atum. Estes projectos, acrescenta, tiveram o apoio do instituto no fornecimento de dados importantes nomeadamente sobre a biologia reprodutiva.
No caso da Nortuna, salienta que houve uma forte integração entre os mentores do projecto e o Imar. Afirma, aliás, que o instituto chegou a fornecer estagiários à Nortuna, que participaram no início do cultivo de alimentos vivos e microalgas no Imar. “Este é o nosso papel, apoiar os produtores porque esta é uma actividade de desenvolvimento económico, de criação de riqueza”, frisa.
Márcia Costa conversou com o Mindelinsite momentos antes de participar no painel VIII da oitava edição da CV Ocean Week sobre a Aquacultura como actividade emergente em C. Verde e na África Ocidental. A bióloga debruçou-se sobre o estado actual da actividade, o seu potencial económico e a sustentabilidade.
Na sua visão, o arquipélago apresenta excelentes condições para a prática da aquacultura, com baías de águas límpidas e quentes. Além disso, o país tem vários portos e aeroportos e vias de circulação para permitir o escoamento dos produtos. Salienta, entretanto, que C. Verde deve apostar nas suas espécies para evitar danos ao ambiente marinho. Apesar dos desafios, acha que a actividade tem campo para crescer, aproveitando os ensinamentos adquiridos, desde que haja vontade política.
