Após levantamento topo-hidrográfico, Enapor aponta para dezembro de 2025 início das obras de expansão do Porto Grande e do Porto Novo

A previsão foi anunciada ontem durante a apresentação de um levantamento topo-hidrográfico detalhado das bacias dos dois portos e que vai permir fazer a actualização das respectivas cartas náuticas. Segundo Irineu Camacho, este é o primeiro passo para a implementação dos projectos de expansão e modernização dessas infraestruturas portuárias.

A Enapor aponta para dezembro de 2025 o início da construção das obras de expansão dos portos de S. Vicente e de Santo Antão que, conforme Irineu Camacho, vão reorganizar as operações nas infraestruturas e permitir a atracação de navios de maior porte. Segundo este gestor, a empresa prognostica lançar o concurso público e assinar o acordo de contratualização e, até finais deste ano, dar início aos trabalhos de edificação das novas áreas projectadas para o Porto Grande do Mindelo e o Porto Novo da ilha de Santo Antão.

As intervenções previstas estão orçadas em 93 milhões de euros, financiamento este garantido através das iniciativas da Global Gateway, e, segundo Camacho, o objectivos é permitir que o Porto do Mindelo passe a funcionar com base em terminais específicos (cabotagem, cruzeiros, transbordo, pesca e bunkering) e que o Porto Novo a receber embarcações de grande porte, nomeadamente os navios cruzeiros. Para o efeito, haverá uma expansão de 270 metros do cais e a melhoria da bacia de manobra do Porto Novo.

“Em suma, o Porto Grande deixará de ser um porto multi-porpose para passar a trabalhar com terminais específicos, enquanto o Porto Novo terá capacidade para receber embarcações de maior porte”, diz o PCA da Enapor. Segundo Irineu Camacho, outra ideia subjacente é reforçar o conceito de ilhas gémeas, entre S. Vicente e Santo Antão, com base no mercado do turismo de cruzeiro. Como enfatiza, vários navios que aportam S. Vicente têm manifestado vontade de ir também para Santo Antão, mas até hoje os barcos ficam ao largo e os passageiros desembarcados através de pequenas embarcações. Este procedimento, diz, constitui uma ameaça à segurança dos visitantes. Com a expansão desse porto, os navios já poderão atracar e permitir a saída dos turistas de forma normal.

Irineu Camacho divulgou estas informações durante a apresentação do levantamento dos dados topo-hidrográficos das bacias do Porto Grande e do Porto Novo, trabalho realizado por uma equipa do Instituto Hidrográfico de Portugal, liderada pelo 1. Tenente José Murta Cunha. Segundo Camacho, a recolha e o tratamento das informações do fundo do mar constitui o primeiro passo para elaboração dos estudos preparatórios das obras de expansão e modernização dos referidos portos. Esses dados, acrescenta, vão permitir conhecer as profundidades das águas portuárias e melhorar o nível de segurança da navegação com a actualização das chamadas cartas náuticas.

Segundo José Cunha, oficial da Marinha Portuguesa, Cabo Verde tem o turismo como um dos seus principais vectores económicos, mas, para atrair os navios de grande porte têm de navegar em segurança. “Para isso, precisam dispor de cartas náuticas actualizadas, que são os mapas que os navios usam para entrarem nos portos. Além disso, essas cartas servem como documentos de suporte para obras nos portos, em execução e futuras”, explica o responsável da equipa técnica que fez os levantamentos topo-hidrográficos nas bacias do Porto Grande e do Porto Novo. O ministro do Mar enfatiza que o levantamento realizado é fundamental para a elaboração e execução dos projectos de expansão e modernização dos referidos portos.

Reforça que a perspectiva da Enapor é que as obras comecem em dezembro deste ano, o que, diz, representa uma responsabilidade em termos de prazo. “Por isso é preciso acelerar os procedimentos. Estas intervenções vão permitir uma nova fase na evolução e internacionalização destes portos e um ganho para a economia de C. Verde”, considera Jorge Santos, que prevê um aumento da competitividade do arquipélago nesta zona do Atlântico com a conclusão das obras previstas.

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