A administradora da FIC aproveitou a cerimónia oficial de abertura da 27ª edição da FIC em São Vicente para cobrar do Governo instalações adequadas para acolher os empresários que participam deste certame. Angélica Fortes agradeceu a Enapor por, uma vez mais, ceder os pavilhões, mas prometeu lutar até vencer este desafio. O ministro das Comunidades e do Mar, que presidiu o ato, concordou que é um bom investimento construir um pavilhão da FIC no espaço já existente no Lazareto, realçando que é visão do Governo avançar num curto espaço de tempo com este importante projecto para S. Vicente e para todo o Cabo Verde.
De acordo com Angélica Fortes, a realização desta feira em São Vicente só foi possível porque a Enapor, com boa conta, espírito de colaboração e consciência da sua utilidade, voltou a ceder as suas instalações. Defendeu, no entanto, que estas não são as condições que gostariam de proporcionar aos expositores e visitantes, pois na realidade não são adequadas. “Aumentam consideravelmente os custos e os trabalhos de montagem da feira e, nem por isso, esta se desenvolve em condições minimamente aceitáveis. Esta constatação põe-nos, assim, um sério desafio a vencer,” assegurou.
Por conta disso, frisou a sua firme determinação em continuar a lutar até conseguir o espaço próprio, não obstante reconhecer a pequenez da direção da FIC face a este grande empreendimento. “Mas não somos pequenos se os nossos propósitos e os nossos esforços se juntarem a ações e apoios das forças cabo-verdianas, do Governo e da comunidade nacional,” afirmou, realçando o facto de que estão a trabalhar para o bem comum. Também por isso apelou a um juntar de forças para realizar este desafio, lembrando que Cabo Verde é um país insular, o que obriga a espalhar infraestruturas e facilidades por várias ilhas, até porque, o que se quer, é um desenvolvimento harmonioso de todo o arquipélago.
Quanto às instalações da capital, Angélica Fortes disse que servem Santiago e, em menor escala, as ilhas próximas, mas não a totalidade do país. “Apesar de necessitarem de obras de adaptação, ampliação e manutenção, é onde dispomos de um edifício exclusivo, dotado de um parque de estacionamento, proporcionando certames com um mínimo de qualidade. O mesmo não se passa no Mindelo, cujas feiras se desenvolveram num espaço que nos foi retirado e nenhuma solução imediata foi concedida”, relembrou a gestora, numa referência às antigas instalações da FIC na praia da Lajinha.
A administradora da FIC deixou claro que a finalidade dada ao espaço merece aplauso, ou seja a construção de um hotel. Porém, pela importância e o bem que a feira faz à economia, acredita que não é difícil conseguir um financiamento para se construir três ou quatro pavilhões semelhantes aos que existiam na Lajinha, devidamente estudados para se integrarem em desenvolvimentos arquitetônicos futuros e onde pode possam servir os empresários de Barlavento com o mínimo de dignidade.
Igualmente, por conta da importância do nordeste do país – Sal e Boa Vista -, que constituem o polo turístico mais importante de Cabo Verde – e que engendra uma notável capacidade económica, comercial e industrial – Angélica Fortes entende que faz sentido que se proporcione aos agentes económicos desta região maiores ofertas de importação. Neste sentido, diz, é ambição da FIC dispor de equipamentos que permitam fazer exposições nestas e nas demais ilhas, apesar de nem sempre serem financeiramente rentáveis. Nestes casos, entende que o financiamento deveria vir de outras entidades, sendo para isso desnecessário elencar as vantagens.
Outro desafio lançado por esta responsável e que carece do amparo do Governo e da sociedade civil é a FIC passar a ser considerada no mercado da celebração de eventos, onde quer estar e entrar com competitividade. “Só queremos ser consultados em cada caso, principalmente quando a iniciativa desses eventos provém da esfera estatal”, advertiu. Angélica Fortes aproveitou, antes de terminar o seu discurso, para fazer uma menção honrosa aos patrocinadores e parceiros, que contribuíram para a realização desta edição da feira, aos expositores, visitantes, colaboradores e imprensa.
Recados recebidos
O ministro das Comunidades e do Mar deixou claro que entendeu os “recados” da administradora ao Governo ao reconhecer a importância de se ter em S. Vicente um espaço de encontro dos empresários. Para Jorge Santos, a valorização desta feira de facto alegra a todos porque é ambição do Governo desenvolver o país, sobretudo com participação do sector privado. “Estamos a discutir o orçamento do Estado, que tem três pilares: o investimento, o emprego e a inclusão social. Pretendemos, neste desafio de desenvolvimento, multiplicar e consolidar o investimento em Cabo Verde.”
Neste sentido, entende Santos que é um bom investimento construir os pavilhões e lembrou que a FIC já dispõe de um espaço no Lazareto. “No espaço da feira, hoje ergue-se e está-se a construir um importante investimento na área do turismo, o Hotel Sheraton. Possivelmente é uma marca que acrescenta valor a todo o ambiente de negócios em S. Vicente e Cabo Verde”, frisou, prometendo no entanto, num curto espaço de tempo avançar com a construção de instalações da FIC em São Vicente.
“Vamos construir um centro de feiras e congressos, um na Praia e outro em São Vicente. Os estudos já estão em curso. Não diria que no próximo ano já teremos a feira do Lazareto em espaço próprio. Mas, futuramente, espero que teremos um edifício digno desta feira para transformar, de facto, numa referência de negócio a nível de São Vicente”, acrescentou o ministro das Comunidades.
A abertura da FIC 2024 foi testemunhada por autoridades e representantes de instituições e serviços públicos e privados, entre os quais o representante da Câmara de São Vicente, os presidentes das Câmaras do Comércio de Barlavento e de Turismo e as embaixadoras dos EUA e da Alemanha. A feira tem cerca de 100 empresas, distribuídas por 200 stands.