Adeco celebra 25 anos com apelo à inscrição de mais sócio e mais apoios das instituições

A Associação para Defesa do Consumidor (Adeco) assinala os seus 25 anos de existência com um apelo à inscrição de mais sócios e mais apoios governamentais e não governamentais para poder desempenhar, de forma cabal, o seu papel a nível da consciencialização do consumo, defesa do ambiente, apoio e empoderamento da sociedade civil cabo-verdiana. 

O secretário da direção da Adeco, que falava à imprensa para marcar esta efeméride, explicou que, não obstante o crescimento verificado ao longo destas anos, a Adeco ainda necessidade de mais sócios e de mais apoios governamentais e não governamentais. Necessita, essencialmente, que a sociedade civil cabo-verdiana lhe dê cobertura e suporte para continuar a defender os direitos dos consumidores. “São 25 anos de serviço de associativismo, de voluntariado e de compromisso com os sócios, com os voluntários e com toda a população. Temos tido um papel meritório na conscientização e na defesa do consumidor, e também em outras esferas, nomeadamente do ambiente e do associativismo, relativamente ao papel da sociedade civil dentro da nossa realidade”, afirmou Nelson Faria

Segundo este responsável, a Adeco está presente em todas as plataformas digitais e tem um site próprio onde os consumidores pode consultar as informações e utilizar as muitas ferramentas disponíveis para várias frentes, nomeadamente para a vertente de apoio a nível da educação financeira e informação aos consumidores. “O site www.adeco.cv está disponível e pode ser acessado por qualquer utilizador. Também queremos apelar as empresas para serem amigas do consumidor e primam pela qualidade do seu produto ou serviço, de modo a que os consumidores, satisfeitos, consumam mais. Sem consumidores não há empresas rentáveis. E, quanto mais qualidade e mais amigas forem dos consumidores, naturalmente terão suporte e cobertura da Adeco”, sustenta. 

Tempos de inflação

Para este membro da direção da Adeco, vive-se tempos difíceis de inflação em Cabo Verde, que não abonam ao consumo porque perdeu-se poder de compra. Esta situação, entende, é provocada sobretudo por factores externos, mas não se pode ignorar a existência de fenómenos especulativos a nível do preço de alguns produtos e serviços. Neste sentido, apela as instituições, designadamente as reguladoras e de fiscalização de preços à exercerem o seu papel. “Posso citar o exemplo do pão que, com o anuncio do aumento passou de 18 para 28 escudos, e agora desceu para 20 escudos. Foi uma subida e descida de preço rápida, que teve como base não somente o aumento do preço da farinha, mas também alguma especulação. É aqui que são chamadas as instituições de regulação e especulação para evitar que os aumentos continuem a prejudicar os consumidores”, exemplifica.

Nelson Faria pede, igualmente, que seja mais utilizado o Índice de Consumo Essencial (ICE), instrumento construído pela Adeco para medir as necessidades de consumo de um individuo saudável e também para comparar essa necessidade de consumo com os salários praticados em Cabo Verde. Isto porque, diz, fica visível por este instrumento que os salários são muito baixos comparativamente às necessidades de consumo. “O ICE em São Vicente é de cerca de 21 mil escudos, valor superior ao Salário Mínimo Nacional em mais 33%. Se formos fazer o mesmo exercício na ilha do Sal, o ICE está em 29 mil escudos, mais de 50% do SNM, o que nos indica que este é muito baixo para as necessidades. E o ICE só é calculado para um individuo saudável, imagina para uma família. Por isso, apelamos aqui também para a necessidade do aumento dos rendimentos que possibilite que as famílias e os consumidores podem aceder pelo menos ao consumo básico, com dignidade”, enfatiza.  

Apesar destes percalços, Faria mostra-se satisfeito com o percurso desta associação que, nestes 25 anos, aumentou o número de associados, mas precisa de mais porque não é uma instituição que deriva deriva de um órgão de soberania e nem tem proteção de nenhuma entidade pública. Lamenta, no entanto, o facto de estar legislado que esta deve merecer a proteção dos municípios, apenas as CM do Sal e do Porto Novo são parceiras da Adeco. “Este apoio deveria também advir das outras entidades municipais e a CM de São Vicente deveria ser um exemplo neste aspecto. Infelizmente não é.”  

Termina elogiando o trabalho que a Adeco tem feito na defesa e consciencialização do consumo em Cabo Verde, com destaque para a educação financeira, que alega ter grande impacto nas famílias e nas pessoas que consultam a associação. Igualmente a acção ambiental “Consumidor consciente não utiliza bolsa de plástico” e o apoio e empoderamento da sociedade civil, embora reconheça que esta ainda precisa “mandar menos boca” e fazer mais reclamações formais para poderem agir em consequência.  

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