Treinador Edmilson indignado: S. Vicente, ilha campeã em medalhas, fora da seleção nacional para os Jogos Africanos de Rabat

A ilha de São Vicente, a região desportiva com o maior número de atletas medalhistas e experientes em competições internacionais na modalidade de Taekwondo, segundo Edmilson Monteiro, ficou fora da convocatória do selecionador nacional para os Jogos Africanos de Rabat, evento que terminou no dia 31 de Agosto. Este facto deixou indignado o treinador da escola Beltryx, que diz não entender os critérios envolvidos na escolha dos atletas e o silêncio em torno do assunto pelo selecionador e a Federação Cabo-verdiana de Taekwondo.

Segundo Edmilson Monteiro, há em São Vicente atletas que ficaram melhor posicionados no pódio nacional, mas que não foram convocados para representarem Cabo Verde nessa prova de nível africano, que decorreu de 19 a 31 de Agosto.  “Temos um selecionador que chamou para representar o país atletas que não estiveram no pódio no campeonato nacional. Ainda não sabemos quais os critérios que utilizou nesta convocatória e esta parte nos indigna ainda mais porque nem a federação e nem o selecionador emitiram nota a explicar qual foi o critério para manter de fora os medalhistas”.

Monteiro frisa que, mesmo tendo pedido formalmente explicações, ainda não obteve nenhuma resposta da parte dos responsáveis pela modalidade. No entanto, prossegue, depois de um atleta inconformado ter feito uma postagem no Facebook, num grupo utilizado pelos amantes do Taekwondo, surgiram algumas explicações, consideradas por Monteiro como “incoerentes” e que “não dão razão a nada”. “Têm vindo a fazer o que lhes dá na cabeça e não o que deve ser feito”, conclui.

Este treinador vai mais além ao afirmar que a equipa nacional de Taekwondo se confunde com uma seleção da ilha de Santiago. Acrescenta que Cabo Verde não tem estrutura para albergar um selecionador nacional, porque este teria que ficar em Santiago e favorecer desta forma apenas atletas daquela ilha. No entender deste jovem mindelense, este cargo deveria ser “substituído” por uma comitiva de pelo menos três treinadores, espalhados pelas ilhas, para conhecer e acompanhar os treinos e a evolução dos atletas.

“A forma como vem sendo feito as convocatórias não dignifica este desporto em Cabo Verde, pelo contrário desvaloriza o esforço dos atletas”, salienta Edmilson Monteiro. Este acrescenta que “os atletas vêm as competições como oportunidades. Encaram o campeonato regional como uma forma de chegarem no nacional, mas, quando conquistam títulos nacionais, querem garantir a chance de chegarem à seleção nacional. Só que as suas expectativas, na sua opinião, são defraudadas de forma injusta.

Nesta modalidade, assegura a nossa fonte, muitas coisas negativas têm vindo a acontecer e que indignam os agentes. Isto num desporto praticado apenas por “vontade” e “paixão”. Este revela que houve uma ocasião em que até as associações tiveram que se posicionar contra a federação. “Queriam formar uma seleção nacional para competir no campeonato nacional e isso não faz sentido.”

Preparação para o regional

A exclusão de atletas mindelenses da selecção de Cabo Verde não irá atrapalhar minimamente o  regional de Taekwondo, que inicia no dia 8, assegura o treinador Edmilson Monteiro. A preparação, diz, tem sido física e sobretudo psicológica. “Para evitar que os atletas se desmoralizem tivemos que trabalhar o lado emocional deles, porque, após a convocatória, notamos algum desleixo e faltas“, alerta.

Em Sao Vicente, dos cerca de 70 atletas inscritos prevê-se que apenas 35 irão competir. Monteiro adianta que intensificaram os treinos, para que os atletas da ilha acompanhem as atualizações deste desporto a nível mundial. “Temos de acompanhar os novos métodos de treino e exigências desportivas e intensificar a nossa entrega. Apesar de todas as dificuldades, os atletas têm vindo a estar a par das constantes mudanças na modalidade”, expõe. Isso reflete, prossegue, no desempenho dos atletas mindelenses, que têm conquistado medalhas enquanto campeões nacionais.

No que toca à prova, haverá dois modelos de competição: um por eliminatórias diretas, nas categorias com maior número de atletas; e no sistema todos contra todos, nos escalões com menos competidores.

Crescimento da participação das mulheres

Este ano, a participação de atletas femininas igualou o número de praticantes masculinos, o que deixa esse técnico satisfeito. “Antigamente tínhamos um desequilíbrio enorme entre o feminino e o masculino, mas a cada ano as mulheres têm aderido a este desporto, equilibrando a balança”, comemora Edmilson Monteiro. 

No entanto, esse desporto enfrenta dificuldades enormes em S. Vicente. A titulo de exemplo, os atletas dispõem apenas do tapete de treino. Faltam outros equipamentos e um espaço adequado e sempre disponível. Mesmo assim, assegura Monteiro, S. Vicente atingiu o seu grande objectivo que era vencer o nacional.

Foi impossível a este website ouvir a versão da Federação Cabo-verdiana de Taekwondo e o selecionador, pelo que vamos envidar esforços nesse sentido. Refira-se que Cabo Verde levou uma delegação de 37 atletas em representação das modalidades de atletismo, taekwondo, voleibol indoor masculino, boxe, karaté e xadrez.

Sidneia Newton (Estagiária)

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