S. Vicente fora do nacional de andebol feminino: Associação pondera impugnar a prova e organizar uma manifestação

A Associação de Andebol de S. Vicente admitiu esta manhã a possibilidade de pedir a impugnação do campeonato nacional feminino – que começa hoje na cidade da Praia sem a presença do Atlético e do Amarante – e realizar uma manifestação na cidade do Mindelo com o envolvimento de clubes e adeptos da modalidade. O caso, segundo Osvaldina Silva, já foi entregue a um jurista, pelo que a sua direção e os clubes estão decididos a ir até as últimas consequências, por discordarem da forma como a FCA geriu o campeonato nacional feminino. Salienta, aliás, que a prova será disputada com a presença de apenas quatro das oito regiões desportivas, sendo duas da ilha de Santiago e as restantes do Sal e de S. Nicolau.

A ausência de S. Vicente prende-se com o facto de a região ainda estar a disputar o título feminino, cuja fase final dos play-off começa nesta semana, para poder cumprir o estipulado no Regulamento da FCA. Lembra Osvaldina Silva, que no primeiro comunicado desta época, a própria federação exaltou que as regiões desportivas têm de organizar pelo menos 3 provas oficiais e atingirem o mínimo de 12 jogos para apurarem os campeões locais. E, tendo em conta o curto prazo que as associações tiveram para cumprir os seus calendários, Osvaldina Silva diz duvidar que isso tenha ocorrido de forma global. Aliás, afirma estar na posse de dados que demonstram o incumprimento do Regulamento, como, por exemplo, equipa inscrita no mês de maio, a meio da época, e de uma associação que não cumpriu o número de jogos necessários.

Esta manhã, em conferência de imprensa, a responsável da ARASV abordou a polémica em torno da prova nacional e começou por deixar bem claro que S. Vicente é a região desportiva mais interessada em competir no nacional feminino tendo em conta que, por força do regulamento, ganhou o direito de colocar duas equipas na competição: Atlético do Mindelo, na qualidade de campeã em título, e Amarante, que se apurou para a final do regional de S. Vicente juntamente com o ACM. E, pela qualidade do regional de S. Vicente, aliada a quantidade de jogos realizados, essa dirigente afirma que as equipas estavam em plena forma para disputarem o título de Cabo Verde.

Segundo a responsável da ARASV, há um conjunto de razões por trás dessa inusitada situação. A primeira, diz, tem a ver com a questão da legalidade e da verdade desportiva, ou seja, do estipulado no ponto 9 do Regulamento e que fala exactamente do número de provas regionais oficiais e de jogos para se validar um campeão regional.

A segunda, salienta a dirigente, tem a ver com o respeito pela integridade física das atletas, um assunto que, diz, suscita a responsabilidade compartilhada das associações e da federação. Este aspecto, explica, tem a ver com a intransigência da FCA em manter a data de 12 de junho para o arranque da prova feminina, o que obrigou algumas regiões a organizarem três a quatro jogos consecutivos, o que constitui uma sobrecarga física e mental para as jogadoras. E lembra que se está a falar de estudantes e trabalhadoras que continuam a dar o seu contributo para a modalidade. “Mas nem tudo vale só para estarmos numa prova nacional”, enfatizou Osvaldina Silva, para quem a FCA teve uma postura deselegante para com as associações.

Isto porque, explica, houve pedidos para o adiamento do nacional feminino para finais de junho, tendo a FCA respondido que estaria na disponibilidade de aceitar desde que as associações assumissem a responsabilidade de organizar as viagens e outros aspectos logísticos. Um resposta que, para essa dirigente, é descabida, quando se sabe que as associações não têm tais atribuições. E, lembrou ainda, que a FCA sequer realizou uma assembleia-geral para discutir a realização da prova nacional e outros assuntos.

Osvaldina Silva lembra que o campeonato nacional masculino terminou no ano passado em setembro e admite a possibilidade de tudo isso ter afectado a capacidade organizativa das regiões. Entretanto, diz, esta época a FCA não se mostra aberta a entender as razões plausíveis das associações para adiar a competição nacional. Por isso, adverte, a ARASV vai apurar com um jurista se há matéria para impugnar a prova nacional feminina.

O Atlético e o Amarante concordam com o posicionamento e os argumentos apresentados pela associação e deixam claro que é preciso agir com dignidade e em pleno respeito pela legalidade. Segundo Aquilino Fortes, é evidente que o Atlético tinha todo o interesse em defender o título nacional. Para ele, no entanto, não fazia sentido a equipa abandonar o regional a meio caminho só para estar nessa prova. Trata-se, como diz, de uma questão de bom-senso. Além disso deixou claro que o ACM é contra a forma como a FCA tem repassado para os clubes determinados encargos, nomeadamente o custo com a alimentação e as viagens marítimas entre as ilhas. Diz que o Atlético fez isso na época passada, mas sentiu na pele as consequências de viajar de barco para uma competição desportiva. E lembra que a FCA não se importa minimamente com as condições das viagens e os efeitos que acabam por ter na condiç!ao física de jogadores que não toleram andar de barco.

O Amarante também demonstrou a sua solidariedade com a ARASV e manifestou a sua disponibilidade em dar apoio onde for preciso. “Queria reiterar que chega de estarmos a agir na lógica do vale tudo. Chega! Para o Amarante, nem todos os meios justificam os fins. Não podemos andar permanentemente em ilegalidades e a tapar buracos”, defende Nuno Leite, para quem as provas têm de estar organizadas de forma condigna e, para ele, o que está em causa é a legalidade. Pelas informações que dispõe, a FCA tem 3 mil contos para a prova nacional e vai organizar o torneio só com 4 equipas, sendo duas de Santiago. Pelo que gostaria de saber como o dinheiro do erário público será usado.

O nacional feminino arranca hoje no pavilhão Vavá Duarte com a participação das equipas AJS de S. Nicolau, ABC da Praia, Universidade de Santiago e Palmeira do Sal.

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