“Kriol-Itá” entrega à 1. Região Militar lote para Esgrima: Condições básicas criadas para início dos treinos

A associação Kriol-Itá entregou esta manhã no Comando da 1. Região Militar um lote de equipamentos de Esgrima, que vai possibilitar o arranque efectivo dos treinos da modalidade nas associações de S. Vicente, Sal e Santiago. Avaliada em mais de dois mil contos, a doação – composta por máscaras, luvas, sabre, espada, florete, sapatilhas e jaquetas – foi considerada pelo Comandante José Rui Fortes um passo gigantesco para Cabo Verde almejar competir nos Jogos Olímpicos, tal como aconteceu com o Boxe.  

“Há uns anos era algo impensável que teríamos um atleta nos Jogos Olímpicos, no entanto o pugilista Davilson Morais participou e com bons resultados. Com a determinação certa, a Esgrima vai atingir um nível para orgulhar Cabo Verde, prognostica o militar, que perspectiva o crescimento da Esgrima tal como está a acontecer com o Karaté e o Boxe praticados na academia da tropa na cidade do Mindelo. Fortes relembra que as Forças Armadas enviaram em 2017 instrutores para formação na Itália com os melhores mestres da modalidade nesse país europeu, já há escolas abertas em S. Vicente e no Sal, pelo que as bases estão lançadas para o ensino desse desporto ainda pouco conhecido.

No entanto, a ideia é massificar a modalidade e possibilitar o acesso às crianças e adolescentes, para dentro de cinco-dez anos Cabo Verde possa dispor de atletas de alto rendimento também na Esgrima. Segundo o Tenente Rui Fortes, presidente da Comissão Técnica da Esgrima em S. Vicente, os materiais agora recebidos são o culminar da primeira fase da instalação da Federação Cabo-verdiana de Esgrima, organismo que nasceu no seio das Forças Armadas a partir de uma parceria com a associação Kriol-Itá. Como realça esse oficial, os equipamentos são de primeira qualidade, pelo que resta respeitar a oferta, rentabilizar os materiais e principalmente dar-lhes o devido uso.

O lote, conforme Fortes, é integrado por materiais de treino e de competição fabricados pela conceituada marca Negrini e vão possibilitar agora apostar no escalão de formação. “O fundamental neste momento é atrair crianças e adolescentes para daqui a cinco-dez anos falarmos do desporto de alto rendimento em Esgrima”, diz o instrutor Rui Fortes, que aproveitou a ocasião para anunciar a chegada para breve a Cabo Verde de mais um formador italiano.

Essa doação é fruto de mais um trabalho de campo da Associação Kriol-Itá fundada na Itália pela emigrante Maria Silva, ela que aceitou o desafio de lançar a Esgrima em Cabo Verde com a ajuda da associação italiana da modalidade. Hoje, aquilo que inicialmente parecia uma utopia está tomando corpo, o que enche essa activista de orgulho. “É muito emocionante ver os passos dados e que possibilitam agora o arranque de uma modalidade que antes parecia tão irreal”, confessou no acto de entrega dos equipamentos no quartel da 1. Região Militar. Na ocasião, Maria Silva explicou que as Forças Armadas foram escolhidas como a parceira ideal para o projecto por ser uma instituição que enaltece os mesmos valores da Esgrima: respeito, disciplina, dedicação e amizade.

“Antes de formar o desportista, a Esgrima forma a personalidade do homem, por isso escolhemos as FA”, acrescentou Maria Silva, que quer ver a modalidade espalhada por Cabo Verde, apesar de se tratar de um desporto caro. Só uma máscara, conforme informações avançadas por Rui Fortes, pode custar entre 20 e 30 mil escudos, enquanto que uma espada é mais cara. No entanto, o mesmo já não acontece com os materiais de plástico usados para o ensino das crianças. Estas são baratas, pelo que, na perspectiva de Maria Silva, o preço não será um impedimento para o lançamento das bases da Esgrima em Cabo Verde. Como diz, o povo cabo-verdiano é muito audaz e pode atingir grandes feitos.

Kim-Zé Brito

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