A Federação Cabo-verdiana de Andebol está à espera do desbloqueio de verba do Instituto do Desporto e a Juventude para precisar a data do campeonato nacional de andebol masculino. A um mês do início oficial da próxima temporada, reina a indecisão sobre a prova, o que tem estado a desmotivar os clubes. O IDJ, por sua vez, tira o corpo fora, pois, segundo José Eduardo, o instituto canalizou 10.300 contos à FCA, que dava para realizar a CAN masculina e as provas nacionais dos escalões feminino e masculino.
Pelas contas de Tony Teixeira, no âmbito da assinatura do contrato-programa, o IDJ deve disponibilizar mil e 800 contos à FCA destinados a essa competição, o que ainda não aconteceu. Por este motivo, adianta o presidente da referida federação, a data da prova continua uma incógnita.
Até o momento há apenas uma previsão da FCA, que aventa a possibilidade de agendar o evento para a semana de 19 a 25 de setembro na cidade da Praia, mas se o IDJ libertar o montante no início desta semana. “Precisamos do dinheiro porque as agências de viagem não estão disponíveis para nos conceder crédito. Assinamos um contrato-programa com o IDJ, mas o Instituto vai disponibilizando o montante por tranche, mediante apresentação dos justificativos, e isso provoca este tipo de contratempo. Se tivessemos todo o montante do contrato disponível de uma vez poderíamos fazer uma melhor programação e gestão, fechando as contas no final do ano com o instituto”, frisa Teixeira, acrescentando que o nacional feminino, realizado em agosto na cidade do Mindelo, esteve também em causa.
A FCA já encaminhou os justificativos das despesas efectuadas para o IDJ, mas todo este atraso pode comprometer o apuramento do campeão nacional em andebol masculino, titulo ostentado pelo Atlético do Mindelo. É que a próxima temporada começa já no dia 1 de outubro e, se o campeão não for apurado agora, pode provocar um conflito jurídico. Aliás, Teixeira informa que a presente época terminou no dia 31 de julho e a FCA teve de pedir ao IDJ a prorrogação para 31 de agosto, data que já expirou.
Sem dinheiro, diz Teixeira, a FCA não pode garantir a realização do nacional de andebol masculino. E, a ser feito, os atletas e dirigentes das outras ilhas terão que se deslocar à cidade da Praia de avião, mas regressar de barco à origem.
Teixeira explica que houve contratempos no agendamento da época, em parte devido ao apuramento dos campeões regionais e a própria data da disputada da CAN. Além disso, acrescenta, a FCA enfrentou dificuldades em programar as viagens no mês de agosto devido a falta de lugares nos voos.
IDJ diz que FCA criou um problema técnico
O IDJ, segundo José Eduardo, já disponibilizou à FCA 10.352 contos no âmbito do contrato-programa, montante que, conforme o director do departamento do desporto do referido instituto, dava para suportar os custos com a CAN masculina e os campeonatos nacionais em masculino e feminino. Porém, revela, a FCA recebeu 6.000 contos para a CAN masculina e solicitou mais 2.000 contos orçados para a CAN feminina para suportar as despesas com a prova masculina disputada no Egipto – em que Cabo Verde foi medalha de prata. Assim sendo, diz, a FCA só tem direito a mais 4.000 contos a serem aplicados no Campeonato Africano das Nações em feminino, mais mil e 200 contos para apoio às associações regionais e outro montante, não especificado, para as despesas de funcionamento. No total, assegura, o IDJ tem mais 6.900 contos para entregar à FCA.
“Foi criado um problema técnico pela FCA ao nível da aplicação das verbas, situação que não é da responsabilidade do IDJ. Fomos informados pela FCA que usou todo o dinheiro disponibilizado na CAN masculina por falta de patrocínios”, revela José Eduardo, enfatizando que o IDJ não pode ser responsabilizada por essa situação.
Questionado se o IDJ prevê entregar algum montante à FCA no decurso desta semana para o nacional de andebol masculino, José Eduardo respondeu que não pode garantir nada neste momento. Isto porque, diz, o IDJ está a aguardar autorização superior para reforço de verba em 30.000 contos, para resolver pendentes relacionados com algumas modalidades, processo que se encontra na alçada do Ministério das Finanças.
Este impasse está a criar vários constrangimentos aos clubes apurados para o nacional de andebol masculino. Em S. Vicente, o CS Farense, campeão regional, e Atlético do Mindelo, detentor do título nacional, já se cansaram de tanto esperar. Segundo os técnicos, os jogadores começam a dar sinais de desmotivação e estão sem competir desde julho. Para Fet e Aquilino, é natural que as equipas sintam os efeitos desta longa paragem na prova, se for realizada.