A Associação de Andebol de S. Vicente decidiu ontem suspender por tempo indeterminado o campeonato regional da modalidade, medida apoiada pela maioria dos clubes. Segundo Luís Fortes, presidente da AASV, o objectivo é contribuir no esforço nacional de combate à propagação do coronavírus em Cabo Verde, infecção que já provocou milhares de vítimas no mundo e não dá sinais de regressão. Além do mais, frisa, a própria Câmara de S. Vicente tomou a decisão de encerrar o polidesportivo Município de Oeiras, em Monte Sossego, espaço normalmente usado para a disputa da prova regional.
“Já comunicamos essa decisão à Federação e aos clubes porque temos de ter a consciência que o andebol, por permitir muitos contactos físicos, pode tornar-se numa excelente via de propagação dessa doença. Além disso há indicações claras para se evitar eventos que possam levar a um aglomerado de pessoas num determinado espaço, a fim de evitar o contágio geral”, relembra esse dirigente desportivo, que não sabe dizer até quando essa suspensão vai vigorar.
A decisão já foi dada a conhecer aos clubes, que a receberam com naturalidade. Treinadores e dirigentes do Atlético do Mindelo, Farense, Real Sociedade, Comando da 1ª Região Militar e do Amarante apoiaram essa medida, pois, para eles, mais vale prevenir do que remediar perante essa pandemia.
“Todos estamos a ver o que se passa no mundo e não sabemos qual a proporção real do problema. Concordo com esta medida porque temos de jogar na prevenção. Nenhum de nós quer o vírus cá dentro e o andebol é uma modalidade que pode ser um veículo ideal de propagação da doença por permitir muitos contactos físicos”, diz o professor Jean Pierre, treinador da equipa da Real Sociedade.
Para Orlando Morais, técnico do Comando da 1ª Região Militar, este é o momento de se precaver e não arriscar. “Este é um caso de saúde pública que exige medidas do género. Tanto assim que o Comando das Forças Armadas já tinha dado indicações para se suspender as actividades desportivas por causa do coronavírus”, salienta o treinador da equipa militar masculina de andebol.
Ciente da debilidade do país em enfrentar o coronavírus, Aquilino Fortes acha correcta a decisão da AASV. “Acatamos essa medida com naturalidade e vamos fazer a nossa parte para que esse vírus não venha a provocar vítimas. Tanto assim que decidimos suspender os treinos da equipa como medida preventiva. Até porque não faz sentido continuarmos a treinar se não vai haver jogos”, frisa o trenador do Atlético do Mindelo.
Da parte do Amarante e do clube Farense, as posições são similares. Domingos Tavares, treinador da formação amarantina, salienta que a saúde está em primeiro lugar e acrescenta que o polidesportivo pode ser um centro de contágio por causa da deficiente ventilação. O treinador pretende agora reunir-se com as atletas e a direcção do clube para saber se vale a pena continuar os treinos.
A FCA já recebeu a nota da ARASV a comunicar a decisão e, segundo Nelson Martins, a federação vai emitir ainda hoje um comunicado sobre o assunto. Este não avançou o conteúdo, mas deixou entender que deverá ir na corrente das medidas de prevenção divulgadas pelo Governo com base no plano nacional de contingência. Este documento recomenda o cancelamento de actividades susceptíveis de provocar um elevado aglomerado de pessoas, nomeadamente as provas desportivas e eventos culturais.
Kim-Zé Brito