A Marina do Mindelo quer ver o mesmo nível de atenção que o Governo e a Câmara de S. Vicente estão a dar à prova Volvo Ocean Race aplicada a regatas como ARC+ e Rally du Soleil, que há anos consecutivos fazem escala em S. Vicente e movimentam a economia da ilha. Segundo Lutz Meyer, há um grande alarido à volta da Volvo Race, no entanto o Porto Grande tem recebido outros eventos desportivos, mas que nunca mereceram um tratamento equiparado da parte do poder central, local e das autoridades ligadas ao sector marítimo-portuário.
“Sem dúvida que a passagem da Volvo Ocean Race é um marco que vai promover Cabo Verde, mas é bom também termos em devida conta que desde 2007 que esta baía vem recebendo regatas que movimentam a economia da ilha de S. Vicente”, critica este gestor, lembrando que a história da marina está ligada a regatas e competições à vela. Este reforça ainda que esse cais flutuante foi construído por iniciativa do Governo em 2004, depois que o organizador da regata francesa Mini-Transat perguntou se Cabo Verde estaria disposto a fornecer instalações para as corridas transatlânticas.
Até Dezembro deste ano, realça Meyer, a cidade do Mindelo será “invadida” por 150 veleiros ligados às regatas Rally du Soleil, ARC+ (Atlantic Rally for Cruisers) e Viking. A primeira caravana a chegar é a do Rally du Soleil, composta por 25 iates; a segunda será a regata ARC+, que este ano bate o recorde com 100 embarcações; em Dezembro, o Porto Grande volta a receber a visita de 25 iates enquadrados na regata Viking.
Segundo Meyer, estes são eventos que normalmente movimentam a economia da cidade do Mindelo. É que os tripulantes acabam por ficar à volta de uma semana e consomem vários serviços. Além disso, frisa, o pessoal ligado à ARC+ costuma doar materiais a jardins infantis e aldeia SOS e fazer digressão à ilha de Santo Antão.
O Rally du Soleil é o primeiro a aportar a marina com 25 unidades. As embarcações chegam no dia 8 de Novembro e partem no dia 15, data em que começam a entrar no Porto Grande os primeiros dos cem iates da regata ARC+. No mês de Dezembro será a vez dos mastros dos 25 veleiros da regata Viking cruzarem a paisagem da baía do Mindelo. Os iates das três regatas vêm todos das ilhas Canárias. Os enquadrados no Rally du Soleil têm por destino final a Guadalupe, enquanto os da ARC+ vão para as Caraíbas.
“É interessante frisar que o Rally du Soleil enfrentou problemas financeiros e o nome foi comprado pela empresa La Rochel. Os novos donos fizeram questão de manter o Porto Grande na sua rota”, realça Meyer, lembrando que esta prova chegou a S. Vicente pela primeira vez em Novembro de 2007 com 35 veleiros. “Foi o primeiro grande evento recebido pela Marina do Mindelo. Ainda não tínhamos as condições ideais.”
As regatas, prossegue essa fonte, entraram na rotina da Marina do Mindelo e têm servido para promover Cabo Verde junto dos navegadores que cruzam o Atlântico. Aliás, Meyer lembra que Andrew Bishop, presidente da ARC, escreveu que, quando foi lançada em 2013 a ARC+ como uma segunda travessia do Atlântico, estava convencido que a prova iria aumentar a sua popularidade. E que, graças a expansão da Marina Mindelo, seria possível acolher 100 veleiros na sétima edição da ARC+, o que irá acontecer este ano.
Kim-Zé Brito