A Escola de Teatro Xpressá apresenta este sábado, 16 de março, duas peças teatrais em São Vicente, sendo o primeiro a performance “Waky” às 11 horas na Rua de Lisboa e o segundo o espetáculo público “Apocalipse Agora”, às 19 horas, na Praça Estrela. As duas apresentações integram o evento “Xpaiod na Placa” , que visa celebrar, dinamizar Março-Mês de Teatro.
As duas apresentações foram montados por fazedores de teatro residentes do Grupo de Teatro Xpressá. Foram desafiados a montarem e a produzirem os seus próprios espetáculos a partir de textos de dramaturgos nacionais. O objetivo é fazer com que o elenco possa começar a descobrir-se em outras áreas para além da interpretação, nomeadamente: produção, dramaturgia, encenação, direção de atores, sonoplastia, iluminação, concepção de cenários, figurinos e adereços.
“Waky é uma performance do colega Léo Francês, que responde pela criação e interpretação”, explica Rosy Varela. Um representante de artistas, exausto e desiludido com a constante desvalorização da arte, que se vê consumido por uma fera interna, nascida da injustiça que testemunha diariamente. “Enquanto setores lucrativos recebem aplausos e benefícios, a arte é relegada a um papel secundário, alimentando o monstro que cresce dentro dele”, detalha o sinopse.
Este monstro, reforça, anseia por gritar as verdades que observa, mas é sufocado pela angústia que o silencia. “Em um ato de desespero e coragem, ele decide dar voz ao seu tormento interno. Vestindo-se com retalhos que simbolizam os sonhos despedaçados dos artistas que representava, ele marcha pelas ruas, um manifesto ambulante, clamando por justiça e reconhecimento para a arte e seus criadores.”
Já “Apocalipse Agora?!”, é uma adaptação da comédia “Apocalypse Now” do escritor e poeta Arménio Vieira. “Este espetáculo é uma comédia que relata a narrativa de algumas personagens já conhecidas na história sagrada, que acabam relacionando-se com personagens do nosso quotidiano. Vivenciam situações rotineiras, transpondo figuras bíblicas como os reis magos, para este outro ‘mundo’, onde são retratados como pessoas comuns. A figura do anjo é questionada com certa incredibilidade e descaso face a assuntos sérios como o Apocalipse, transformando a história sagrada numa comédia profana.”
Este espectáculo tem encenação colectiva e interpretação de Rosy Varela, Silvia Monteiro, Aaron Gonçalves e Marcelo Neves. “É uma performance de rua. Era para estarmos a preparar esta apresentação desde o ano passado. Mas, devido a outros compromissos individuais – a maioria dos atores é amador, mas se interesse e gosta de teatro – ficou para este ano”, informa Rosy, para quem o propósito cimeiro do grupo é explorar outras áreas, a par da apresentação.
“Queremos explorar a parte da cenografia, da sonoplastia, direção de atores e encenação. É neste sentido que estamos a trabalhar. É um trabalho conjunto, mas há interesses específicos. Por exemplo, no meu caso sinto-me mais atraída para a encenação, então é sobretudo nesta área que me foco. Tenho colegas que gostam mais de figurino e centra e estuda este sector. A nossa apresentação é uma produção colectiva dos subgrupos, que integram o Grupo Xpressá”, sublinha.
Rosy Varela, refira-se, fez o curso de teatro do Centro Cultural Português em 2016. No ano passado, integrou o projecto teatral “Conversa d’ dod”, assinado por Silvia Monteiro e Edilson Fortes, que estreiou no mês de março e que vai ser apresentado na edição 2024 do Festival Mindelact.