Mais de cinco centenas de pessoas, entre cantores, tocadores, elementos do coral Voz d´Alma, mas sobretudo muitos amantes da boa música participaram na serenata dedicada a Morna realizada na noite de ontem em S. Vicente. Crianças, jovens, homens e mulheres atenderam ao chamado da Fundação Ciências, Arte, Educação e Investigação (SCAEI), para celebrar a Morna Património Imaterial da Humanidade. Cantaram, aplaudiram e deram vivas para a música-rainha numa alegria que contagiava e atraia pessoas por onde passava o cortejo.
Era por volta das 21 horas quando iniciou a serenata, ainda na Praça Nova. Entoando mornas que embalaram as noites do Mindelo ao longo dos anos, partiram em direcção a Avenida Alberto Leite, Fonte de Meio, Rua Machado, com paragem na casa onde viveu Cesária Évora. Depois de uma salva de palmas, os participantes cantaram a Morna que eternizou Cizé, “Sodade”. A serenata prosseguiu até a Praça B.Leza em Monte Sossego, prestando homenagem a este que foi um dos maiores compositores e interpretes deste género musical.
Para Jean de Dieu Gomes estar na serenata foi uma alegria muito grande, principalmente por ver tanta gente a celebrar a Morna. “A Morna é nossa, mas também agora é do mundo. É preciso cantar, participar e fazer com que mais pessoas ousam e apreciam a morna. Quis marcar presença para mostrar o meu amor e apoio a este género musical de Cabo Verde”, disse.
Questionado sobre o significado da forte presença dos jovens na serenata, Gomes fez questão de dizer que, ao contrário do que dizem muitas pessoas, os jovens gostam de tocar e também de cantar morna. “Muita gente diz que os jovens não apreciam a morna, mas não concordo. Nas noites do Mindelo que tenho frequentado, todos os grupos de músicos, sobretudo de jovens, têm mornas no seu repertório. É por isso que digo que gostam sim de morna.”
Já Nilza Spencer era uma das “cantoras” mais empenhadas. Ao Mindelinsite, a jovem confessou que não sabe cantar, mas não se coíbe de soltar a sua voz quando escuta uma morna. “Vim para a serenata porque gosto de música, gosto de São Vicente e de Cabo Verde. A nossa musica é muito rica. Temos boas mornas e bons compositores em Cabo Verde. É maravilhoso estar aqui a cantar músicas escritas por Manuel d´Novas, B.Leza, Eugénio Tavares e tantos outros. Isto é um espectáculo”.
Aliás, para Nilza Spencer, fazer serenatas nas noites do Mindelo devia se perpectuar. “Esta é uma iniciativa muito bonita que deviam se repetir. Vale a pena estar aqui a ouvir e a cantar musicas tão bonitas, prestando homenagem aos nossos artistas. Todos nós estamos a ganhar, os músicos e também o público, mas principalmente a nossa música. Não sei cantar mas, com o papel na mão, vou tentando seguir as letras. O que importa não é ser um artista é sentir. É uma emoção sem explicação.”
Constânça de Pina
