Ansiedade, alegria e realização são sentimentos que nesta altura dominam Vanda St.Aubyn, que vai mostrar ao público, pela primeira vez, as suas pinturas, numa exposição na Alliance Française do Mindelo. Intitulada Voz D´Alma”, a abertura desta amostra está agendada para o dia 11 de junho, às 17 horas. Mas Vanda não se desarma e convida às pessoas a desfrutar deste desafio que impôs a si mesmo, mas que foi feito com “muita alegria e amor”.
Faltando três dias para a inauguração da exposição, Vanda St.Aubyn explica, nesta entrevista ao Mindelinsite, que o desejo de pintar surgiu num momento muito particular da sua vida, em que foi obrigada a interiorizar-se.
“Apesar de sempre gostar de cores e desenhos, nunca antes tinha produzido nada. Por isso, sinto esta ansiedade. Esta é uma realização muito pessoal e íntima. É uma parte escondida do meu interior que estou a colocar para fora, por isso o nome ´Voz D´Alma`”, explica esta mulher, gestora de profissão, que se diz, ao mesmo tempo, dominado pela alegria. “As minhas pinturas são cores e, cor é a alegria. O meu sentimento é que na vida sempre temos desafios e objectivos para alcançar. E sou uma pessoa de desafios”, declara.
Todos estes sentimentos e sensações estão nos 24 ou 25 quadros acrílico que vão constituir a amostra, seleccionados entre as muitas pinturas de Vanda. “O meu tema central é a mulher. Mostro os sentimentos a volta do papel da mulher na sociedade, sendo certo que também tenho alguns quadros com imagens fora deste contexto. São alguns zonas de São Vicente, no caso Rua d´Praia e Praia de Bote, que mexem comigo de forma muito particular”, detalha esta artista, realçando que sente necessidade de expor as suas ideias nas telas. Aliás, por conta disso, os seus quadros são sempre uma surpresa. “Nunca sei qual vai ser o resultado final. As minhas ideias vão sofrendo alterações ao longo do processo de pintura. Tenho quadros que pinto muito rápido, outros levam o seu tempo. Depende do tema escolhido.”
Tudo isso porque, explica, nas suas pinturas quer dialogar com as pessoas e que estas tentam decifrar o seu trabalho. Podem gostar ou não, frisa, quer que tenham o sentimento que este é feito com muito amor e dedicação. Aliás, a prova disso é que não pretende afastar da arte, agora que abriu as portas.
“Não quero fazer outro tipo de trabalho. Quer continuar a evoluir porque ainda estou em fase de aprendizagem. Sinto que ainda não tenho um estilo próprio. Pintura, para mim, é um conjunto de emoções que vamos deixando extravasar. E cada emoção chega de uma forma. Então, sindo que preciso encontrar o meu caminho. Quando chegar lá, vou ter o meu estilo próprio.”
Autodidata, Vanda conta que quando se sentiu “empurrada” para a pintura, mas não entendia nada de telas e tintas. Procurou algumas pessoas que pudessem orientá-la. Recebeu dicas de alguns artistas, mas nunca teve uma formação técnica. O primeiro quadro foi pintado a 19 de novembro de 2019 a título de experiência e curiosidade. Seguiram outros pequenos em acrílico para treino. “Vim o zero e não tive apoio. Sou gestora, trabalhei a tempo inteiro no BCA e no BAI. Também fui coordenadora do Centro de Emprego. Depois que deixei este último, fiquei com mais tempo livre e comecei a trabalhar na área do turismo. E foi no turismo que despertei para a arte.”
Arrebatada, a agora artista colocou desde então a sua vida de gestora mais ou menos em pausa. Também lecciona na Uni-CV, mas pretende suspender a actividade de docência para se dedicar em exclusivo a vertente artística, deixando-se flutuar e transformar o seu mundo em cores. E desta aventura surge esta exposição, que vai estar sob escrutínio dos mindelenses na Alliance Française do Mindelo até 2 de julho próximo.