A dupla Val Xalino e Roberto Xalino colocou nas plataformas digitais o seu sexto trabalho discográfico, intitulado Imortal, e que foi produzido durante a fase aguda da pandemia da Covid-19. Com 10 temas, o disco comprova a ligação artística estabelecida entre pai e filho, que residem na Suécia.
Para o conhecido cantor Val Xalino, o trabalho testemunha a sua evolução artística e as mudanças que tem adoptado na sua carreira, que teve início nos anos oitenta. Aliás, Xalino salienta que em 2024 completa 40 anos de carreira a solo e vinte com o filho. Ao longo deste tempo lançou 9 álbuns a solo e seis com o filho.
“Pertenço a uma família de músicos. Cresci com a música em casa, ouvindo os meus pais, tios, cantores diversos cantando na oficina do meu pai. Era um espaço frequentado por muita gente principalmente à noite e por lá passaram nomes como Bana, Morgadim, Cesária, Luís Morais… O pessoal trazia os instrumentos e saía aquela tocatina”, recorda Val Xalino, que começou a cantar nessa época.
Aos 17 anos de idade, no entanto, teve que fugir num vapor grego para evitar ser recrutado para a tropa colonial. Recorda que eram 17 jovens, que frequentavam o curso de cabotagem, que partiram para o desconhecido, longe dos braços do poder colonial. “Fomos de Cabo Verde para Roménia; na segunda viagem partimos para Índia e fizemos escala no Senegal para reabastecimento. O comandante evitou vir tomar combustível no Porto Grande para não fugirmos para terra”, revela o músico, que, após algum tempo como marinheiro, decidiu residir na Suécia, onde ainda é sua base. Já reformado, tem estado agora a viajar com mais frequência entre Suécia e Cabo Verde.
É nesse país onde ele e o filho produzem os seus discos. Os trabalhos são normalmente gravados no estúdio particular de Roberto Xalino, que se formou na produção cultural e gravação. Val Xalino explica que viu talento musical no filho desde que ele era criança e hoje sente um enorme orgulho de ter Roberto como seu colega no mundo da cultura.
Ligado à musica tradicional, Val Xalino começou a interpretar e a gravar mornas e coladeiras. Mas, desde que passou a fazer dupla com Roberto, começou a introduzir novos estilos musicais, como reggae, blues, funaná e afrobeat. Por isso diz que é notória a mudança na sua trajectória artística.
Segundo Xalino, já actuou no Centro Cultural do Mindelo, no festival da Baía das Gatas, nalguns hotéis e restaurantes de S. Vicente e em vários espaços culturais em Santo Antão e Santiago. Ele que conta apresentar no CCM o seu mais recente disco, intitulado Imortal, assim como na cidade da Praia.