O artista plástico António Cruz, conhecido por Ró d’Interart, está a ultimar a construção de uma tartaruga fêmea gigante para ser colocada na praia da Lajinha. A obra, feita em ferro e betão, retrata a espécie careta-careta, uma homenagem do artista a uma tartaruga que costuma encontrar vagueando pela enseada de coral da referida praia.
Decidido a honrar a palavra que deu a alguns amigos, Ró fez uma série de pesquisas sobre a morfologia do animal, contactou potenciais patrocinadores, entre os quais a Enapor, o ministério da Economia Marítima, a empresa Matec, o INDP, o amigo Eng. Lucas Santos e colocou mãos à obra. Para sua satisfação, a iniciativa sensibilizou o Secretário de Estado Paulo Veiga e Jorge Maurício, PCA da Enapor, que se deslocaram inclusivamente ao atelier para se inteirarem do projecto.
“Há cerca de três meses que estamos a construir a tartaruga. Era para estar pronta por altura do dia dos oceanos, mas não foi possível devido ao atraso no desbloqueio de uma verba destinada a custear o trabalho de fibra”, explica Ró, que espera agora apresentar a obra por altura do Ocean Week.
Como assegura, já tem a autorização da Enapor para colocar a tartaruga de cimento na Lajinha, peça que tem 3,20 metros de comprimento, 2,90 metros de largura, 1,20 metros de altura e pesa cerca de uma tonelada. Apesar da sua volumetria, a escultura é oca. “É oca, mas robusta. Foi preparada para servir de banco e para as crianças brincarem”, garante Ró.
A obra vai ficar a cerca de 40 metros de distância da zona de rebentação, na parte sul da praia. Será colocada sobre bases de cimento o que evitará contacto com a água em caso de subida do mar. Além disso, acrescenta o artista, pode ser transladada para qualquer outro sítio.
Por estes dias, Ró tem estado concentrado no processo de fibra, com o apoio de dois profissionais da área. Terminada essa etapa, irá fazer um molde. Pelos seus planos, o trabalho estará pronto dentro de dias. “Quando recebi a visita do Secretário de Estado Paulo Veiga ele mostrou interesse em fazermos obras parecidas para outras ilhas. E lembrou-me que a mascote dos Jogos Africanos é uma tartaruga. Mostrei toda a minha disponibilidade em colaborar.”
Além da tartaruga, Ró está focado na construção de uma outra peça artística – uma réplica de uma mulher idosa Téia e que era bastante acarinhada na Bela Vista, zona onde passou a sua infância e tem o seu atelier. “Ela era bastante apreciada pelas crianças. Costumávamos ir fazer cuscuz à sua casa, principalmente por altura de S. Silvestre. Tenho muitas saudades dela”, conta Ró, que optou por um trabalho em fibra, que pesa 10 quilos. A obra precisa apenas de alguns retoques para ficar pronta.
Kim-Zé Brito