Jair Pinto, um dos docentes presentes na exposição “A docência, além da arte”, patente na Faculdade de Educação e Desporto da Uni-CV em São Vicente, no quadro das actividades do Dia Nacional do Professor, destaca-se com uma instalação que mostra a cultura e a resistência do povo destas ilhas no tempo mais da seca do que de da água, mas que ao mesmo tempo é de união.
Em declarações ao Mindelinsite, Jair Pinto explica que o seu objectivo ao participar nesta exposição colectiva é dar a conhecer uma linguagem mais recente da arte, enquanto docente envolvido na formação dos professores. “Entendi que tinha a responsabilidade de trazer algo novo. Foi neste sentido que trouxe uma instalação, que é uma montagem de objectos tradicionais da nossa cultura. Aproveitando a estrutura de um tear vertical, com uma pequena tecelagem”, clarifica.
Com 23 anos de docência – é professor de Artes Gráficas na EICM e de Educação Artística na FAED-UniCV -, explica que os objectos estão colocados como se estivessem costurados no tear. “Temos uma bandeja que mostra as marcas do tempo. Inicialmente ia utilizar uma bandeja nova mas, em um passeio à Santo Antão, encontrei uma abandonada em uma horta muito deteriorada, o que mostra que já tem história. Tem muito a ver com a seca, a água, a nossa relação com o milho e a cachupa. Tenho também uma vassoura de palha e um tambor, que representa a nossa tradição cultural, o religioso e o profano.”
Todos estes objectos da vivência quotidiana dos cabo-verdianos e a forma como forma arrumados no tear, de acordo com Jair Pinto, passam uma mensagem de uma cultura rica e de uma povo resistente ao tempo mais da seca do que da água. Mostra ainda que a cultura de Cabo Verde acaba por ser um elemento também de união, diz este expositor que, assume, as vezes tenta contar a história deste arquipélago nas suas participações nas mostras colectivas em que participa.
Neste caso em particular, a ideia foi trazer as vivencias comuns das duas ilhas – São Vicente e Santo Antão -, fortemente marcadas pelas festas de São João. “Tem também uma historia familiar porque venho de uma pequena comunidade bastante tradicional de Santo Antão, Lajedos. Acabo também por trazer a minha vivência porque são situações que assisti e participei”, refere.
Em contraponto com o tradicional, Jair Pinto mergulha na modernidade com o quadro perspectiva distorcida que, afirma, mostra a actualidade da arte.O propósito, diz, é mostrar que o tradicional e o moderno convivem e se relacionam. No caso, o tradicional resgata o património cultural e o contemporâneo as transformações do quotidiano e a relação com as várias gerações.
Lembra este docente-artista que são professores e diariamente apreendem com as novas gerações e precisam estar abertos para novas vivencias e novas formas de artes.