Pauline Duarte, uma das 50 mulheres mais importantes da música mundial, está em Cabo Verde, precisamente em São Vicente, para visitar familiares, mas também para estabelecer contactos. Neste sentido, aproveitou para abordar pessoas que trabalham com música, visitar os estúdios no Mindelo e reunir-se com autoridades. É que, não obstante representar artistas internacionais de renome – caso de Travis Scott, DJ Caleb, e da cabo-verdiana Ronísia -, o seu sonho é trabalhar com mais criolos.
Filha de cabo-verdianos, Pauline Duarte orgulha-se de integrar neste momento a lista das 50 mulheres mais influentes no mundo da música, editada pela revista norte-americana Verity, fruto do seu trabalho e persistência num mundo essencialmente “machista”. “Infelizmente, não é fácil para uma mulher singrar neste meio. São poucas as mulheres no mundo que chegam a directora de uma label de música. Temos de trabalhar o dobro dos homens para sermos reconhecidas. Mas sou persistente. Ainda não me sinto realizada na minha carreira. Acredito que tenho muito para dar”, declara.
Visitante frequente, Pauline conta que veio pela primeira vez para Cabo Verde aos sete anos. Desde então está aqui sempre, uma ou duas vezes por ano, sobretudo depois que a mãe decidiu regressar e fixar residência em São Vicente. Mas este ano veio com um propósito diferente. “Cheguei no dia 4 de agosto. Para além de estar com a minha família e amigos, desfrutar o festival da Baía das Gatas, tive encontros com pessoas que trabalham com a música em São Vicente e visitei os studios da ilha.”
Paralelamente, a directora do label de rap em França, Epic Records, diz que esteve com o Ministro da Cultura e das Indústrias Criativas, o presidente da Câmara Municipal de São Vicente, de entre outras autoridades. “Trabalho com vários artistas em França, mas gostaria também de trabalhar mais em Cabo Verde. Neste momento represento uma artista crioula de nome Ronísia, que é muito conhecida em França. É natural do Tarrafal de Santiago. Quero trazer esta artista para Cabo Verde para ter oportunidade de ser conhecida aqui e levar os daqui para França”, enfatiza.
Sobre a sua carreira em si, Pauline Duarte revela que trabalha com a música há 20 anos – tem actualmente 41. É directora da Epic Records, uma label de rap da Sony Music em França. Foi na Sony Music, em uma label de nome Columbia, onde tudo começou. “Consegui um estágio na Columbia, propriedade da Sony, onde permaneci por nove anos. Depois fui trabalhar para uma label mais pequena e sobretudo digital de nome Believe Record, passei pela Universal Music onde estive sete ano. Mas fui há dois anos chamada pela Sony para dirigir a Epic Record. Neste momento tenho um grande portfólio de artistas da francofonia, mas também dos Estados Unidos.”
Sonha representar artistas cabo-verdianos
Como faz questão de frisar Pauline, o seu sonho é representar artistas cabo-verdianos. “É algo que quero muito fazer e, possivelmente no futuro, possa nascer a Epic Record Cabo Verde. Actualmente os artistas lusófonos estão com muita projecção no meio musical. Mas, antes, quero aprender, passar mais tempo aqui e conhecer estes artistas. Quero trazer artistas para cá e levar os daqui para França”, perspectiva a directora da Epic, que diz gostar muito da música cabo-verdiana.
Aliás, afirma, cresceu ouvindo música de Cabo Verde em casa, sobretudo Cesária Évora e Bana. “Possivelmente, foi isso que me levou para esta área. Tenho também um irmão na música, o Stomy Bugsy, que é rapper e fundador dos Ministére A.M.E.R e La MC Malcriado, colectivo de cantores de origem cabo-verdiana que surgiu em finais da década de 1990 em França, e também é actor. Foi com ele que descobri o rap. Hoje posso afirmar sem receio que tenho a música no sangue”, garante Pauline, que chegou a colaborar com Cesária e Djô da Silva, através da Sony Music.
Pauline Duarte é licenciada em Comunicação e chegou a inscrever-se numa formação de dois anos no Instituto das Profissões da Música, mas completou apenas um ano.