A morte do cantor Mário Melo no dia 10 de outubro, aos 84 anos, passou literalmente em silêncio em Cabo Verde. Intérprete de temas icónicos como Grandeza, Sangue di Berona e Lua Vagabunda, Mário deixou uma discografia composta por 13 títulos.
Numa reportagem divulgada em 2021, escrevia o site caboverdaamusica.online que, em finais dos anos 1950 – quando a música cabo-verdiana era dada a conhecer ao mundo em Lisboa por Fernando Quedas e Marino Silva – o jovem Mário Melo, filho de um português de Braga e de uma cabo-verdiana de Santiago, chegou a Portugal. “Começou a sua vida artística como vocalista de um grupo chamado os Napolitanos, em que cantava sucessos de Paul Anka.”
Por volta de 1959, prossegue, o artista ganhou o primeiro prémio do concurso Caloiros da Canção, da Emissora Nacional Portuguesa, com a morna Ponta do Sol, com letra em português, o que lhe abriu caminho para entrar na rádio, participando dos programas de auditórios “Serões para os Trabalhadores”.
Gravou inicialmente três discos, um deles registado em Moçambique. Regressou a Portugal em 1964 e gravou um outro com a irmã Anabela de Melo. Seguiram-se, até 1967, outros três EPs a solo – um com temas sul-africanos em português, um de música cabo-verdiana e um com canções alusivas ao Natal, no qual se encontra o tradicional “Recordai”, com o maestro Jorge Costa Pinto.
Em 1995 editou um novo trabalho, o CD Leila, em companhia de artistas da nova geração. O disco foi produzido por Teck e nele tocam os irmão Manuel e Tito Paris e Humberto Ramos. Teté Alhinho e Sap aparecem nos coros. Depois de uma pausa de mais de 20 anos sem gravar, a partir de 2017 editou os discos compactos Morna para Dança, Cretcheu e Mário de Melo canta Mornas Centenárias. Ao todo foram 13 títulos. Foi-se o homem, mas ficou uma vasta obra.
Aos familiares e amigos do Mário Melo, às mais sentidas condolências.