Mindelact e Osga Filmes distinguidas pela Associação de Cinema e Audiovisual de Cabo Verde

A Associação Artística e Cultural – Mindelact e a produtora Osga Filmes foram distinguidas pela Associação de Cinema e Audiovisual de Cabo Verde (ACACV), no âmbito das celebrações do seu XIII aniversário. Trata-se de um reconhecimento público do contributo que as duas instituições, sediadas em S. Vicente, têm dado para o desenvolvimento cinematográfico no país. 

A entrega da distinção, que consiste em um diploma e um troféu, foi feita no Centro Cultural do Mindelo pelo secretário da direcção da ACACV, José Pedro Bettencourt. Sobre o Mindelact, diz a associação de cinema que foi fundada em 1996 e estabeleceu-se como uma instituição pioneira no fomento das artes cênicas em Cabo Verde. Hoje seu impacto transcende o teatro, irradiando-se para o cinema nacional e para a academia, graças a iniciativas como o Centro de Documentação e Investigação Teatral. 

“Este acervo, único no país, tornou-se referência para pesquisadores, tendo servido de base para dezenas de teses, inclusive, de doutoramento que exploram a história do teatro cabo-verdiano e suas intersecções com a identidade cultural do arquipélago”, refere o comunicado de imprensa remetido pela ACACV, que destaca igualmente o Festival Internacional de Teatro Mindelact que, defende, mais do que um evento artístico, é um catalisador de conhecimento. 

Isto porque, a par das apresentações, a associação promove workshops ministrados por profissionais renomados, cobrindo desde interpretação até técnicas audiovisuais. “Essas formações, aliadas ao trabalho do Centro de Documentação, criaram um ecossistema único onde prática e teoria se complementam”. Aliás, indica, não é por acaso que o Governo reconheceu esse compromisso, em 2005, concedendo à Mindelact a Medalha de 1ª Classe de Mérito Cultural, que enfatiza o seu papel na preservação e inovação das artes. E, em 2017, a 1ª Classe da Medalha do Vulcão, atribuída pela Presidência e que celebra instituições e personalidades que “promovem Cabo Verde no mundo”.

Já a Osga Filmes, que nasceu de um sonho colectivo de Didier Tedesco, Helder Doca e Neu Lopes, consolidou-se desde a sua fundação como um farol de cinema autoral e engajado. “Mais que uma produtora, tornou-se uma escola informal para jovens cineastas e atores, desafiando limitações técnicas e orçamentais para colocar Cabo Verde no mapa de festivais internacionais”, indica a nota, evocando a sua trajetória marcada por uma ousadia temática: abordar questões como bullying, suicídio e conflitos familiares – temas muitas vezes tabu – com uma sensibilidade que equilibra crítica social e poética visua

“Cada produção é um manifesto. Desde “A Boneca” (2015), primeira curta-metragem da produtora – exibida em três festivais no Brasil, além de Portugal, Polónia, Festival Oiá e Festival de Cinema do Platô –, até a premiada longa “Mor” (vencedora do Cabo Verde International Film Festival, Ilha do Sal, 2017), a Osga transforma dramas íntimos em espelhos coletivos”, aborda, reforçando com “Anjo – O Sangue e a Obra” e “Herança”, que exploram a complexidade das relações humanas através de narrativas não lineares e diálogos cortantes, enquanto “Ego” e “Ego 2” desafiam convenções técnicas, usando luz natural e locações urbanas de Mindelo para criar uma estética crua.

É todo este percurso de resistência criativa que a Associação de Cinema e Audiovisual (ACACV) celebra e reconhece com esta distinção, mas também o trabalho contínuo de formação e inclusão dos atores não profissionais que provam a autenticidade e são a verdadeira essência da arte.

Foto: Lucas Leite

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