O grupo Mindel Samba fez do carnaval, o maior acontecimento cultural da ilha de S. Vicente, uma oportunidade de negócio e, durante o ano inteiro, constrói e comercializa instrumentos de batucada, além de apostar na formação dos próprios “ritmistas”. Fundado por quatro irmãos, Maiuca Gomes é o mais activo no grupo. Participa sempre tanto nas formações como na construção dos equipamentos numa oficina montada no chamado Kintal das Artes, situado defronte ao mercado de peixe da cidade do Mindelo.
Os clientes são turistas que passam pela ilha do Porto Grande, os próprios grupos carnavalescos, além das encomendas que recebem de outras ilhas. Dos materiais, só a pele é importada do Brasil. Segundo o maestro Maiuca, o preço da pele é quase insuportável para as suas posses, porque é preciso acrescentar ainda o valor do despacho aduaneiro. Mesmo assim ele e os irmãos têm conseguido driblar as dificuldades para manter o negócio de pé.
Mário ou “Maiuca” Gomes, como é mais conhecido, conta que aprendeu a construir os instrumentos de batucada sozinho. Aliás, com 29 anos, mostra-se pró-activo, tendo “crescido” nas lides do Carnaval, ligado às batucadas. “Eu tenho aproximadamente 17 anos do Carnaval. Aprendi, juntamente com meus irmãos, a tocar com o regente da batucada Mick Lima e nunca mais parei”, revela o jovem.
Os quatro elementos da família Gomes – Fernando, Daniel, Luís e Maiuca – tiveram a ideia de formar um grupo de batucada e este ano contam com mais de 150 elementos de várias faixas etárias, desde inscritos aos que só aparecem nos ensaios do Carnaval. Antes, explica, as aulas eram gratuitas, no entanto tiveram que cobrar um valor de inscrição para ajudar na manutenção dos equipamentos, devido ao desgaste das peles. As formações começam em Março e terminam em Dezembro porque os outros meses são dedicados aos ensaios para os desfiles oficiais.
Nem todos os inscritos desfilam porque os grupos, segundo essa fonte, normalmente pedem á volta de 90 elementos para as suas baterias. Além disso contam com os tocadores mais experientes, que também fazem parte da batucada do Mindel Samba. Este ano, à semelhança dos últimos quatro, esta bateria assegura o ritmo do Cruzeiros do Norte.
Segundo Maiuca, as dificuldades são muitas para manter o projecto de pé, assegura, no entanto, que ele e os irmãos não pensam desistir porque o que os move é o amor pelo trabalho que desenvolvem ao longo do ano.
Sidneia Newton (Estagiária)