Mário Lúcio e Chico César levam “clássicos” ao CCM em show que assinala respectivos aniversários e centenário de A. Cabral

Génios da música unem-se para festejar seus 60 anos num “concerto voz e violão”

O artista brasileiro Chico César aceitou o convite do gigante da cultura cabo-verdiana Mário Lúcio para participar da tournée que celebra os 60 anos de vida de ambos e o centenário do nascimento de Amílcar Cabral, com apresentações em Cabo Verde, Portugal e outros países. Hoje, estes dois génios realizam um concerto que se espera ser memorável, no Centro Cultural do Mindelo. 

Em conversa com Mindelinsite, Chico César admitiu que está consciente de que há conhecedores e apreciadores da sua música em São Vicente, pelo que é “sempre um bom pretexto vir aqui para aprofundar esta relação com Cabo Verde”. Disse ainda pressentir que este encontro tem um objetivo maior que é tornarem-se mais íntimos da música um do outro e partilhar o interesse dos respetivos públicos.

Este criativo e versátil artista brasileiro afirmou sentir que, a partir deste show, outros encontros podem ser gerados, visando não apenas reunir estes dois cantautores, mas também outros. “Quem sabe, estimular e, daqui a 5, 8 ou 10 anos este encontro de dois possa se tornar num de 20”, perspectiva. 

Desde logo, Chico César avança que a ideia é regressar a Cabo Verde, possivelmente no próximo ano, e trazer outro talento, resultado desta camaradagem e que Mário Lúcio faça o mesmo, levando outro convidado. Aliás, afirma, este seria o intuito desta acção – reforçar esta parceria.

Sobre o espetáculo desta noite, Chico César disse esperar que Mário Lúcio atraia muito público. Admite, no entanto, que não consegue antecipar um desfecho, ou seja, se o show vai ser gravado em video e se podem surgir canções inéditas, fruto desta combinação. Contudo mostra-se aberto ao que vier e que irá se tornar mais íntimo de Cabo Verde.

A mesma fonte assegura que as músicas a serem cantadas já estão definidas. Serão basicamente clássicos mais reconhecidos. Realça que o concerto se divide em apresentações em dueto, como forma de se apreciarem, e atuações individuais. Um assiste ao espetáculo do outro no palco a solo, e vice-versa. Para além das canções que já estão no afeto do público, há momentos de luz em que se brotam inspirações“. 

Cita, em jeito de exemplo,  um poema de Cabral que fala sobre as ilhas de Cabo Verde “que navegam dispersas pelo mar sem rumo “ (A ilha). Aliás, mostra particular interesse em conhecer as outras ilhas – não para promover shows – e ficar a par das particularidades de cada uma na fala, na cultura, no modo de agir. “Sentir que há mais semelhanças do que diferenças”, sublinha. 

Foi com um brilho no olhar que se referiu à comunidade do Tarrafal de Santiago que, diz, se empenhou na produção do “Festival da Paz”, mesmo sem ter muito apoio estatal. Todavia, o que lhe cativou foi ver que a atenção era dada não só para os artistas mais conhecidos, destacando o facto de o público ter parado para escutar atentamente uma adolescente dos seus 15/16 anos a tocar no piano belíssimas melodias a solo.

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