Lucinha Nobre “triste” com polémica no Carnaval d’Soncent: Artista ajuda Porta-bandeiras a aprimorar coreografias

Lucinha Nobre, a porta-bandeira da Portela, confessou ao Mindelinsite ter ficado triste com a polémica no Carnaval d’Soncente, que provocou a recusa do Vindos do Oriente de desfilar, quando o grande objectivo da criação da Ligoc-SV, relembra, foi exactamente promover a união entre os grupos mindelenses. “Ficamos a saber dessa celeuma e lamentamos muito. Ficamos todos tristes porque, afinal das contas, são pessoas que nos são queridas, com as quais acabamos por desenvolver um grande carinho e respeito. Além disso, a ideia por detrás da criação da liga dos grupos de carnaval era promover a união entre eles e, através disso, reforçar a capacidade de angariação de patrocínios para todos”, relembra Lucinha Nobre, que aproveita a ocasião para, mais uma vez, frisar que o objectivo do projecto Carnaval d’Verão, desenvolvido pelo irmão Dudu Nobre, é possibilitar a partilha de conhecimentos e experiência adquirida no Brasil, nada menos o país dono do maior Carnaval do mundo.

“Jamais foi e será nossa intenção impor seja o que for ao vosso Carnaval, que considero lindo. Aprecio bastante a vossa energia e espontaneidade, o vosso ritmo da bateria. E, quando trazemos algo, acabamos também por aprender”, frisa Lucinha Nobre, que está em S. Vicente para ajudar os Mestres-sala e Porta-bandeiras dos grupos oficiais a aprimorar as suas coreografias e movimentos individuais para o dia do desfile.

Durante cinco dias, essa experiente foliã, várias vezes campeã brasileira no sambódromo do Sapucaí, trabalhou detalhes com os casais de Flores do Mindelo, Monte Sossego, Cruzeiros do Norte, Estrela do Mar e Samba Tropical no Centro Cultural do Mindelo. “A maior dificuldade tem a ver com o sincronismo entre o Mestre-sala e a Porta-bandeira. Isto acontece porque a sintonia entre o casal é difícil. Reparei também que alguns casais precisavam de uma ou outra ideia de movimentos que poderiam enriquecer a apresentação”, avalia Nobre, lembrando que a performance do Mestre-sala e Porta-bandeira é fundamental para a classificação dos grupos. Dai a importância que atribui a essa formação, que acontece pela primeira vez no mês de Fevereiro.

Este mini-workshop estava agendado pela Câmara de S. Vicente e a Ligoc-SV e deveria acontecer em Dezembro. Foi no, entanto, cancelado por indisponibilidade dos beneficiários e da própria Lucinha Nobre. Acontece agora, a menos de um mês do concurso oficial, numa altura em que Lucinha Nobre conseguiu uma brecha na sua agenda para se deslocar a Cabo Verde. É que, desde Outubro passado que está embrenhada nos preparativos para o desfile da escola de samba Portela. O grémio, que tem como enredo a vida e história da cantora Clara Nunes, nascida em 1942 e falecida em 1983, uma artista que, segundo Lucinha Nobre, tinha uma religiosidade profunda e com traços afros. Por isso, Lucinha Nobre e elementos da Comissão de Frente têm estado a receber aulas de dança afro com o coreógrafo Charles Nelson.

Portela escolheu como título do seu enredo “Na Madureira moderníssima hei sempre de ouvir cantar um sabiá”, uma forma poética de recordar e eternizar a figura dessa famosa artista brasileira. “É uma grande responsabilidade encarar esse desafio, mas a expectativa do nosso desfile é bastante alta, é a melhor possível”, garante Lucinha Nobre, que se sente pessoalmente preparada para dar o seu “best” no Sapucaí, como é do seu timbre.

Garantida terceira edição do Carnaval de Verão

A presença de Lucinha Nobre em S. Vicente é um prolongamento do projecto Carnaval de Verão, cuja terceira edição está assegurada para Agosto deste ano com novos intervenientes e temas de formação. Segundo Marco Bento, presidente da Ligoc-SV, a iniciativa é para ter continuidade, mas com focos diferentes. Tudo indica que uma das oficinas poderá ser a escultura em espuma. A expectativa é que venham outras pessoas que, segundo Marco Bento e Lucinha Nobre, têm mostrado grande interesse no Brasil em fazer parte do projecto e conhecer a realidade do carnaval mindelense.

A iniciativa vai continuar a contar com o envolvimento da Câmara de S. Vicente, que, segundo a vereadora Solange Neves, quer melhorar a cada ano a qualidade dos grupos carnavalescos. No tocante à vinda agora de Lucinha Nobre, a autarca confirmou a disponibilidade de continuar a ajudar a Ligoc-SV e trazer outras pessoas para enriquecer a formação dos foliões mindelenses, por indicação da Liga ou da própria Lucinha Nobre.

Kim-Zé Brito

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