Lourenço Lopes considera a URDI uma plataforma onde o mundo descobre a profundidade da alma cabo-verdiana

O secretário de Estado-Adjunto do Primeiro-ministro afirmou na abertura da 10ª Feira de Artesanato e Design, que arrancou em São Vicente sob o lema “URDI – 10 anos de celebração do artesanato e design de Cabo Verde” que esta se afigura como uma plataforma onde o mundo descobre a profundidade da alma cabo-verdiana. Lourenço Lopes foi ainda mais longe ao defender que, ao longo dos anos, se transformou numa constelação cultural do arquipélago e num local de encontro entre criadores das ilhas, estabelecendo um compromisso com a economia criativa enquanto pilar estratégico do desenvolvimento sustentável de C. Verde.

O Secretário de Estado Lourenço Lopes, que presidiu a cerimónia em representação do ministro da Cultura e das Indústrias Criativas, Augusto Veiga, começou por dizer que, quando se cuida da identidade cultural, preserva-se não apenas o que fomos, mas ilumina-se o caminho do que as próximas gerações têm de fazer. Por isso, celebrar os 10 anos desta feira, é honrar um projeto que nasceu da convicção profunda de que o artesanato cabo-verdiano é mais do que memória, é identidade, é economia, é futuro. 

Secretário de Estado Ajunto do Primeiro-ministro, Lourenço Lopes

“A URDI consolidou-se ao longo destes anos como um dos mais importantes palcos de afirmação da criatividade nacional, colocando lado a lado tradição e inovação. Mãos experientes e novas gerações, saberes antigos e experimentações contemporâneas. É um laboratório de criatividade onde artistas, artesãos e jovens experimentam, inovam e transformam ideias em expressão concreta”, afirmou, sublinhando que, como observatório de identidade cultural, permitiu que cada ilha, com a sua singularidade, se reconheça e se cumprimente com as demais, constituindo-se como plataforma de internacionalização, mostrando ao mundo a profundidade, a força e a riqueza da alma crioula.

Como mercado de oportunidades, prosseguiu, fortalece a economia criativa e as indústrias culturais, como espaço de preservação e renovação da herança cultural, conecta passado, presente e futuro. Tornou-se uma constelação cultural do país, um encontro entre criadores de todas as ilhas, um compromisso com a economia criativa, enquanto pilar estratégico do desenvolvimento sustentável de Cabo Verde. “A URDI é também hoje um dos grandes símbolos do país moderno, humano, criativo, confiante e aberto ao mundo.Cada rua de Mindelo, Assomada ou São Filipe, carrega histórias de vivência cotidiana.”

O presidente da Câmara de São Vicente lembrou, por seu turno, que S. Vicente passou por situações extremamente difíceis e todo o esforço e sacrifício são dignos para celebrar mais uma edição. Defende Augusto Neves, a cultura amplia o conhecimento, incentiva o desenvolvimento social, expande horizontes, agrega-se em cidadania e agita a paz interior antes sedimentada. “A cidade beneficia destas humanidades na esfera económica encontrando aqui um fator crescente de competitividade e atratividade no plano regional, nacional e global”, constatou. 

Por isso, a Câmara insiste em manter a sua programação cultural investindo naquela que tem sido uma das suas áreas de referência e de identidade. Tudo isso, no pressuposto de que a cultura deverá ser entendida como um setor prioritário na definição de estratégias de desenvolvimento de qualquer região. “A CMSV prosseguirá com as suas principais linhas de atuação e iniciativas culturais alicerçadas nos últimos anos.O artesanato por si apresenta um saber e uma prática intercalar situada no intermédio entre o público e o privado, entre a mão e a ferramenta, a reprodução e a transformação, a tradição e a criação”.

Do lado do CNAD, o seu presidente afirmou que os 10 anos da URDI reforçam o compromisso com a arte, o artesanato e o design. Representam, disse Artur Marçal, uma década de construção e consolidação da trajetória, promovendo o encontro de artesãos, designers, artistas e agentes culturais. “A URDI constitui um lugar de impulso à educação, difusão, discussão, comercialização de bens culturais e valorização das expressões artísticas, ancestrais ou contemporâneas, promovendo a acessibilidade e a participação dos parceiros.Mais do que uma feira, é um símbolo do compromisso com a economia criativa e motivo de orgulho dos artesãos, tendo sido este o propósito desde a primeira edição”, defendeu. 

Esta viagem, acrescentou, tem sido uma autêntica celebração da diversidade do diálogo interdisciplinar, consolidando a URDI como um catalisador preponderante na narrativa criativa. Uma década marcada pela construção de pontos entre os diferentes atores da criação, que nos permite olhar para o passado e questionar o futuro da nossa atuação. “Este ano é particularmente especial, porque completamos 50 anos como país independente, o que automaticamente merece de nós um balanço. Uma reflexão sobre o caminho percorrido, se a este facto associarmos os 10 anos da URDU que se cumprem e os 50 anos da cooperativa resistência que se cumprirão no ano de 2026.”

Artur Marçal terminou dizendo que “resistência” continua a ser a palavra certa para descrever aquilo que teimosamente continuam a fazer, contrariando um mundo globalizado, europeizado e onde estas 10 ilhas se parecem reduzir a partículas oprimidas por forças dominantes externas, onde facilmente as novas gerações são mais influenciadas pelas redes sociais do que pela pluralização daquilo que nos diferencia. 

Com um orçamento de 10 mil contos, esta edição da URDI decorre até domingo e tem 155 expositores.

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