Possui um portfólio invejável, repleto de fotografias de celebridades do jetset norte-americano e confessou ao Mindelinsite que o seu próximo desafio é fazer ensaios com os “tubarões-azuis” que vão estar na Copa do Mundo. Carlos “Kaíto” Araújo, 28 anos, fez parte dos bastidores do filme Gladiador II – com Denzel Washington como principal protagonista -, fotografou a socialite Kim Kardashian, o rapper Drake, o actor veterano Morgan Freeman, o empresário P.Diddy, o falecido actor Chadwick Boseman (Black Panther), Bioncé, Usher, Snoob Dog e vários outros artistas famosos. Filho de mãe mindelense, e pai foguense, Kaíto nasceu nos Estados Unidos, mas é assumidamente cabo-verdiano. Apesar do acesso ao mundo das celebridades, diz manter a sua humildade e viver com o pé no chão, fruto da sua educação.
Passou duas semanas em Marrocos debaixo de uma temperatura abrasadora, contratado pela Paramount Studio para fazer o making of da produção do filme Gladiador II, longametragem dirigido por Ridley Scott e teve o reconhecido actor Denzel Washington como protagonista. Para Carlos “Kaíto” Araújo, esses quinze dias pareceram um mês, tamanho era o desafio de trabalhar de segunda à sexta-feira durante 10 horas consecutivas, fotografando cenas no set das gravações e a registar os videos com os depoimentos dos intervenientes. Por outro lado, diz, era como se estivesse inserido numa grande família, convivendo todos esses dias com as mesmas pessoas nesse ambiente recheado de cenários históricos.
Uma dessas figuras foi o premiado actor Denzel Washington, um dos poucos norte-americanos presentes no estúdio de filmagens em Marrocos. Segundo Kaíto, como é tratado pelos amigos, a relação entre os dois nasceu de forma natural porque Denzel viu logo que ele era norte-americano. E eram poucos os patrícios presentes na captação das cenas nesse país africano. “Denzel é uma pessoa muito inteligente e culta, um grande observador, que fala pouco, mas diz muito. Foi um privilégio ter-me privado com esta estrela do cinema”, comenta o jovem, que ainda trabalhou como membro da equipa técnica durante mais dois meses em Malta.
Estar nos bastidores de Gladiador II foi algo ímpar na carreira do fotógrafo, cujo nome aparece na ficha técnica. “Ver o filme e as minhas imagens deu-me uma satisfação indiscritivel”, admite Kaíto Araújo, que foi apresentado à Paramount Studio pelo agente de um amigo dele e próximo do realizador Ridley Scott.
Esta indicação, no entanto, foi fruto das sessões fotográficas que Kaíto vinha fazendo com actores, músicos, jogadores e modelos famosos nos Estados Unidos. Até então, as lentes da sua câmara tinham captado sessões exclusivas com a influenciadora e socialite Kim Kardashian, o empresário Sean “P. Diddy” Combs, o conceituado actor Morgan Freeman, o rapper e compositor Drake, os jogadores de basquetebol Dennis Rodman e Scotie Pipen, o cantor Chris Brown, o produtor musical Dj Khaled…
Vender cinco fotos por 20 dólares
Amante da fotografia desde adolescência, Kaíto Araújo começou a dar corpo à sua paixão captando imagens com os amigos e acompanhando jogos de basquetebol, futebol e ténis. Vendia um lote de cinco fotos por 20 dólares e era por isso requisitado sempre que havia eventos desportivos. Aos poucos foi ganhando experiência e aos 16 anos entrou para o liceu com o intuito de fazer formação em fotografia. Acabou por assistir após duas semanas de aula porque, entretanto, foi convidado por King Los para trabalhar excluvisamente na imagem deste rapper norte-americano. “Fui de Boston para Los Angeles e fiquei um ano com Los dormindo no sofá da sala. Acompanhava-o durante todo o tempo, registando o seu quotidiano na barbearia, em casa, no estúdio, nos espectáculos…”, revela Kaíto, que hoje cobra entre 15 mil a 30 mil dólares por um trabalho.
Um ano depois, o jovem fotógrafo recebeu uma proposta do empresário P.Diddy, que lhe abriu as portas para a socialite norte-americana. Foi nesta fase que Kaíto teve a oportunidade de fotografar Kim Kardashian e outras figuras do jetset, por indicação de P.Diddy. “Foram quatro anos intensos de trabalho. Fazia basicamente aquilo que tinha feito com King Los, mas P.Diddy incentivou-me a subir mais um degrau no meu trabalho ao desafiar-me a passar a captar e editar vídeos. Isto abriu-me novos horizontes”, conta Kaito, que esteve ao serviço de P.Diddy por quatro anos.
Durante este período, aprimorou os seus conhecimentos sobre a iluminação e a captura de vídeos. A ponto de passar a fazer trabalhos comerciais para marcas importantes como Vanity Fair, Under Armor – empresa de roupas e equipamentos desportivos -, Mac Donald, Adidas, com elevados orçamentos.
“Trabalhar a este nível é como uma faca de dois gumes: pode projectar e reconhecer o teu talento, mas, se algo correr mal, pode derrubar a tua carreira em questão de minutos porque são clientes com um nível muito elevado de exigência”, comenta Kaíto, realçando que, nos casos das socialites, um dos aspectos mais importantes para contratarem um fotógrafo ou videomaker tem a ver com a confiança. “Esses artistas dão acesso ao seu mundo privado, mas tens de manter total sigilo. Sem isso, nada feito”, sublinha.
Neste quesito, Kaíto reconhece ter sorte. Ele próprio admite ser uma pessoa que estimula confiança logo à primeira vista pela sua forma de ser. Atribui esta característica à educação que teve e ao facto de pertencer a uma família humilde, que lhe ensinou a colocar o respeito acima de tudo. Filho do foguense Carlos “Kai” Araújo e da mindelense Anísia Melício, nasceu nos Estados Unidos, mas desde os dois anos que visita assiduamente a ilha de S. Vicente. Uma relação que alimentou o seu sentimento de pertença a Cabo Verde, a ponto de falar crioulo e se assumir como cabo-verdiano.
Fotografar os “Tubarões-azuis” na Copa do Mundo
Kaíto revela, aliás, que o seu sonho é fazer um amplo registo fotográfico dos jogadores e da equipa técnica da seleção cabo-verdiana de futebol que vão estar na Copa do Mundo. A ideia é captar imagens da vida quotidiana desses protagonistas no seu meio social, familiar e desportivo, mas também com sessões na rua e em estúdio. Para o efeito, promete entrar o quanto antes em contacto com a Federação Cabo-verdiana de Futebol, apresentar o projecto e estabelecer um acordo.
“É seguro que vou acompanhar os jogos da seleção de Cabo Verde no Mundial, seja na América ou noutro país. Enquanto estivermos na Copa, vou estar presente”, afirma o jovem, que pretende fazer 6 horas de voo de Los Angeles para Boston a fim de estar com os “Tubarões-azuis”. Ele que quer obter permissão para entrar nos bastidores da seleção e captar momentos autênticos. Uma prova do seu amor por Cabo Verde, terra dos pais e que, diz, moldou o seu carácter de homem humilde. Por este motivo, afirma viver com os pés assentes no chão, apesar do acesso ao mundo do jetset norte-americano.
