O auditório da Academia Jotamont ficou lotado para prestigiar o cantor, compositor e instrumentista Frank de Pina 24 anos depois do seu último espectáculo em São Vicente. A noite teve ainda as presenças marcantes de Jaqueline Fortes, Manuel de Candinho, Cálu Moreira e Constantino Cardoso, em mais um espectáculo com selo de qualidade Serenata Produções.
Ao Mindelinsite, Frank de Pina expressou a sua alegria e gratidão por voltar a actuar em São Vicente, ilha que, afirmou, sempre o acolheu com carinho. “Cantei nas festas de São João na Brava, no dia 8 de agosto, na Praia, na companhia do mister Candinho fiz uma actuação no Centro Cultural Português. E, 24 anos depois, estou aqui em S. Vicente num palco. Durante estes longos anos de ausencia, estive apenas no aeroporto desta ilha, de passagem. A minha satisfação é enorme porque o povo desta ilha sempre me acolheu.”
O artista mostrou-se igualmente surpreendido com os comprimentos das pessoas na rua, mesmo depois de mais de duas décadas sem se apresentar em S. Vicente. “Espero ter agradado o público que esteve aqui. Trouxe as músicas dos meus discos antigos, mas as pessoas se lembram muito bem”, explica Frank, que aproveitou as férias, junto com a esposa, para fazer algumas apresentações no estilo “lembra tempo”.
“Dei o meu máximo para que fosse um espectáculo animado. Vim com muita vontade. Apesar da minha idade (já estou reformado), ainda deu para fazer um jeito”, pontuou este artista, que diz espetáculos esporádicos nos Estados Unidos. Após uma paragem em 2019, Frank revela que participou de um concerto de homenagem a Maninho Almeida e agora, por estes dias, esteve em tres show em Cabo Verde. “Para mim é uma honra estar no palco. Estou muito satisfeito, feliz.”
E, galvanizado com esta energia, o artista já perspectiva projectos futuros. De imediato, cita a intenção de lançar mais um trabalho discográfico, inclusive garante já ter algumas músicas na forja. “Não quero fixar uma data porque é complicado, mas prometo que em breve terei mais um trabalho no mercado. Vou manter a linha – mornas, coladeiras e funanás -, com outra roupagem. Não posso repetir a fórmula usada a 30 ou 40 anos, mas vai ser bom. É preciso inovar, mas sempre preservando a nossa tradição,” adverte.
Também em gozo de férias no país, Jaqueline Fortes, uma das convidadas de Frank de Pina neste concerto, era uma pessoa feliz. “Estou de férias, mas resolvi aceitar o convite de Kikas Silva (Serenata Produções), inclusive por causa disso tive de antecipar a minha vinda. Mas estou muito feliz,” admitiu, lamentando no entanto os poucos convites para se apresentar em Cabo Verde.
Em termos de projectos, Jaqueline garante que há mais dois anos perspectiva lançar um novo trabalho, mas tem-se esbarrado na dificuldade de conciliar agenda com os produtores. Afirma que as músicas já foram escolhidas, falta apenas as partes se encontrarem para concretizar as ideias.
O sentimento era de alegria também para Manuel de Candinho por partilhar o palco com Frank de Pina e de Jaqueline, artistas que admira. “Não fui eu que juntei estes dois artistas aqui em S. Vicente, mas tenho planos de os levar para um espectáculo na Assembleia Nacional. São dois cantores com longos percursos e que tem obras interessantes. Lembro de vários temas de ambos que marcaram a minha geração”.
Candinho lembra que ele e Frank de Pina integraram um grupo nos anos 1970 e a amizade perdura nos dias atuais, caso raro no meio artístico. “A minha felicidade é estar no palco com amigos de outros tempos. Com Jaqueline foi a concretização de um sonho. Tinha uma vontade enorme de a conhecer e, na primeira vez que estive na Holanda, pedi para me levarem a sua casa. Foi com ela que bebi o meu primeiro Gin.”
Em suma, foi um show que deixou marcas e saudades no público que, uma vez mais, se juntou para prestigiar mais um espectáculo do Serenata Produções.