Financiamento do Governo: Xazé Novais questiona tratamento diferenciado entre KJF e Mindel Summer Jazz

 

Alexandre “Xazé” Novais questiona o tratamento diferenciado do Governo entre o Kriol Jazz Festival e o Mindel Summer Jazz, ambos eventos de natureza municipal e que conquistaram reconhecimento internacional. A reacção deste que é um dos promotores do certame que este ano celebra a XII edição, junto com Vou Monteiro, foi motivado pela assinatura do protocolo de concessão de incentivo do Estado, que se traduz na atribuição de uma verba anual de 8 mil contos ao KJF nos próximos 5 anos. Por outro lado, frisa-se, o AME, iniciativa privada do empresário Gugas Veiga, passa a usufruir de uma ajuda orçamental de 12 mil contos anuais durante cinco anos. 

De acordo com Xazé Novais, empresário mindelense, não está em causa o Atlantic Music Expo (AME), evento de carácter nacional com todas as condições para se espalhar pelas ilhas e promover artistas de todo o país. A sua surpresa e espanto é basicamente com a inclusão do KJF no financiamento global de 20 mil contos anuais, beneficiando de 8 mil contos, sendo esta uma atividade local. “O que é que distingue o Kriol Jazz Festival do Mindel Summer Jazz? Em que quesito se suporta o Governo de Cabo Verde? Que tem a mais o KJF que o MSJ, a não ser se situar no território da Capital Administrativa do país?”.  

Lembra Xazé que, desde 2012, o MSJ está a brilhar no firmamento musical proposto por Cabo Verde, na ilha de São Vicente. Já vai na 12ª edição, tendo trazido a Mindelo os maiores músicos de jazz mundial. “Estamos a falar do Kenny Garret, considerado o maior saxofonista da sua geração, do Michel Alibo, dos maiores baixistas da atualidade, do Alfredo Rodriguez, o prodígio cubano e protegido de Quincy Jones, do Jowee Omicil, a referência do jazz contemporâneo, do Fred Wesley, do Ernie Els ou do Maceo Parker, gigantes do jazz of all times, companheiros de um certo James Brown… e tantos outros!.” 

Por isso, estranha a razão porque o Governo e o Fundo do Turismo ignoram os contactos do MSJ e atribuem ao KJF um financiamento tão robusto. “Temos tido o apoio do Ministério da Cultura, na pessoa do Abraão Vicente, por este ter uma relação pessoal com o nosso evento. Nunca o anterior ministro se dignou nem mesmo marcar presença no evento quanto mais apoiar, nunca tivemos qualquer apoio do Fundo do Turismo, nem antes nem agora. Imaginem então o apoio direto do Governo de Cabo Verde na pessoa do Primeiro-ministro, Ulisses Correia e Silva, que é, no entanto, e a cada ano individualmente e oficialmente convidado a marcar presença, coisa que aconteceu uma única vez”, reforça.  

Inconformado, o empresário questiona o que o KFJ traz a Cabo Verde, que justifica receber 8 mil contos, montante que representa 50% do seu orçamento total para desenvolverem o projecto mais tranquilos e com uma visão de longo prazo, enquanto o MSJ nada recebe. Aliás, afirma, se não fosse pelo apoio da Câmara Municipal de São Vicente, que assume mais de 60% do orçamento do evento, há muito que a organização tinha abandonado o Mindel Summer Jazz. Destaca, igualmente, o apoio da Impar Seguros e da Alou (CV Telecom), no âmbito da responsabilidade social destas empresas.

Termina advertindo os governantes que “Cabo Verde somos todos” e que o erário publico também a todos pertence pelo que deve ser adequadamente repartido. Enfatiza, deste modo, que o MSJ fica também a aguardar o contacto do Governo. 

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