A estância balnear da Baía das Gatas viveu um momento especial na madrugada deste domingo com o público a acolher e a abraçar o cantor Dino d’Santiago após corte de luz e som, que se prolongou por alguns minutos. Emocionado com o apoio inesperado, o artista cantou a capela, tendo sido acompanhado por um coro de milhares de vozes. Numa noite em que choveu por diversas vezes, houve ainda vários espetáculos memoráveis, tendo terminado depois das 8 horas da manhã.
Á imprensa, Dino d’ Santiago explicou que teve um sonho/pesadelo no dia 07 de agosto com uma tempestade na Baía e que as pessoas próximas do palco estavam com guarda-chuvas branco. “Acho que foi por causa da aflição porque ao longo do último ano trabalhei muito neste concerto. Empreguei toda a minha energia para chegar à Baía e fazer um concerto único. De repente, choveu”, frisou, referindo que contou o sonho à sua psicóloga e esta comentou que não existem guardas-chuvas brancas e que, se mesmo com chuvas as pessoas continuaram a assistir o show, era um bom sinal.
Por isso que quando ocorreu o blackout ficou paralisado, mas, diante a reação inesperada do público, decidiu que, mesmo que fosse à capela, iria fazer o concerto. “Mudei o meu concerto. Troquei o alinhamento e depois chamei o Diego. Juntos, homenageamos Sara Tavares. A partir dali parece que as coisas se orientaram. E fui até ao final. A água da chuva que me molhava senti que me limpava a alma. Foi algo único. A reação do público foi inexplicável. Senti que curou o meu espírito. Foi uma energia impressionante. Parece-me que foi a forma mais pura de o ser humano mostrar o que é amor, de facto.”
Energizado, Dino disse que vai comprar o seu “cantinho” em São Vicente, depois de já ter feito o mesmo na ilha de Santiago, lembrando que foi aqui no Mindelo que começou a trabalhar com Hernani e vários outros artistas. “Estou ligado a São Vicente e não posso dizer que seja de uma forma casual. Foi mesmo o destino que me trouxe aqui recentemente duas vezes seguidas com dois concertos com energias diferentes, mas o amor continua igual. Tivemos muitos contratempos, mas tudo foi superado por causa do público. Em outro lugar, com uma falha destas, seriamos apupados. Aqui foi elevação.”
A terceira noite dos 40 anos do Festival Baía das Gatas, refira-se, começou com Lisbon Street, projecto que reuniu uma dezena de artistas que atuam na Rua de Lisboa, tendo Nhone Lima, autor da música “Alô Baía” como convidado e Serenata como banda suporte. Seguiram-se os espectáculos de Dino d’ Santiago, Denis Graça, Richie Campbell e Djodje, que abandonou o palco por volta das 8h20 minutos, depois de mais de uma hora de um show electrizante em que recebeu vários convidados.
O público manteve-se firme e cantou com quase todos os artistas que passaram pelo palco, com mais ou menos entusiasmo. De lamentar, no entanto, alguns comportamentos de pessoas que atiraram roupas e bebidas para o palco e pelo menos uma invasão durante o show de Richie Campbell.