O carnavalesco Fernando Fonseca, 56 anos, foi eleito presidente do grupo Estrela do Mar numa assembleia-geral bastante tensa, realizada há quatro dias na cidade do Mindelo. Lançado por um grupo de apoiantes, Fonseca disputou o cargo com Papi Tavares, vice-presidente e até então o rosto do regresso desse grémio de Fonte Filipe ao activo, após alguns anos ausente do sambódromo do Mindelo.
Conforme apurou o Mindelinsite, o ambiente esteve “pesado”, mas Fonseca nega falar desse aspecto. Para ele, o fundamental agora é preparar o Estrela do Mar para o desfile de 2020, quando só tem cinco meses para arrumar a casa. Isto significa projectar um “bom enredo”, organizar os bastidores, recuperar artistas plásticos e foliões descontentes, que terão ameaçado deixar as fileiras do grupo.
“Há barreiras que precisamos e vamos ultrapassar com uma melhor organização interna. Precisamos ser um grupo mais sólido, coeso, com capacidade para atrair novos foliões porque o desfile de 2020 será mais competitivo, com a provável participação de cinco grupos”, realça o novo responsável do “Estrela”, numa referência ao esperado regresso do Vindos do Oriente ao concurso oficial.
Um outro desafio da nova direcção, assegura Fonseca, tem a ver com o aspecto financeiro. Como diz, o relatório de contas não foi aprovado na assembleia electiva, “por falta de tempo”, mas tudo indica que o Estrela do Mar esteja com falta de dinheiro em caixa. No entanto, este dirigente conta ultrapassar as dificuldades com o apoio dos outros membros da direcção e de pessoas que o incentivaram a assumir esse cargo e prometeram trabalhar naquilo que for preciso para ajudar o grupo. Aliás, diz que há uma pessoa que se mostra disposta a apoiar o grupo financeiramente, desde que apresente um projecto consistente e viável.
“Devo realçar que não queria ser presidente do Estrela do Mar. Fui motivado por vários membros do grupo, que me convenceram a aceitar o desafio com a promessa de que vão fazer a sua parte”, alerta esse carnavalesco, que já tinha sido convidado por outros apoiantes para assumir as rédeas do grupo. “Esta não é a primeira vez que me convidam e sempre neguei por causa dos contratempos próprios do Carnaval”, revela Nando Fonseca, que já foi presidente do grupo Olhos Radiosos do Monte Cara, que durou dois desfiles, e de “Fonte Filipe em acção”, que saiu apenas uma vez.
Desde 2002 que Fonseca tem estado ligado à festa do Rei Momo na cidade do Mindelo, fazendo de tudo um pouco. Logo, frisa, ganhou uma experiência de 17 anos que pode colocar ao serviço do Estrela do Mar. Isto com o apoio de outras pessoas capacitadas e que, diz, fazem parte da direcção. Este órgão ficou composta ainda por Carlos Delgado, vice-presidente, Etelvina Teque, Secretária, e Elísio Larcenda, Tesoureiro.
O Estrela do Mar, recorde-se, regressou este ano ao activo, após um conturbado processo negocial com a Liga dos Grupos Oficiais do Carnaval de S. Vicente. Apesar dos contratempos, o grupo de Fonte Filipe conseguiu colocar na rua um espectáculo carnavalesco que agradou a muita gente.
Kim-Zé Brito