A feira URDI volta este ano a ocupar a extensão da Praça Nova, na cidade do Mindelo, com a exposição das obras de 161 artesãos dos 22 municipios de Cabo Verde, de 24 a 28 de novembro. No ano passado, o Centro Ncional de Artesanato e Design teve que adaptar o formato do evento, devido as restrições ligadas à pandemia, mas, com a ampla vacinação dos mindelenses, a feira regressa ao ar livre, com stands montados no centro urbano de S. Vicente.
Este facto é realçado por Irlando Ferreira, director do CNAD, como a grande novidade desta edição. Como enfatiza, nenhum outro espaço consegue injectar uma energia ao evento como a Praça Nova, um espaço público muito apreciado pelos mindelenses. O próprio ministro da Cultura enalteceu também a importância desse facto para a promoção da feira. “A motivação da URDI sempre foi colocar toda a cidade do Mindelo à volta da Praça Nova a celebrar a criatividade”, frisa Abrãao Vicente, que enaltece o facto de a feira envolver todos os municípios de Cabo Verde e a programação ter dependido exclusivamente dos técnicos do CNAD, sem a interferência política do Governo. Este foi, aliás, o objectivo traçado desde o lançamento do evento, segundo o governante.
O ministro da Cultura e das Artes Criativas enalteceu o esforço da organização, que conseguiu assegurar o financiamento da feira fora do quadro orçamental do Estado. Abraão Vicente aproveitou a oportunidade para voltar a enfatizar a premente necessidade de se alocar mais recursos financeiros ao sector da cultura e que seja aberto um amplo debate público sobre esse aspecto. “Pelos vistos ainda Cabo Verde não está preparado para debater essa necessidade. Sempre que a cultura pede mais meios há uma espécie de infantilização do debate. Não é possível haver Mindelact e URDI sem um forte investimento público”, frisa o ministro.
Questionado sobre os entraves do Governo em conceder mais dinheiro à cultura, o ministro responde que o único entrave é o fluxo financeiro devido a fraca actividade económica em 2020-21. O valor alocado à Cultura, adianta, representa 0.4 por cento do Orçamento Geral do Estado para 2022, mas o sector conta com um apoio financeiro para a requalificação de espaços museológicos e outros recursos provenientes do Fundo do Turismo para grandes eventos culturais. Já em dezembro, adianta Vicente, serão assinados contratos com a AME – que terá uma extensão em S. Vicente -, o Kriol Jazz e os festivais da Baía das Gatas e de Santa Maria…
A feira URDI acontece este ano sob o lema Contemporaneidade na Tradison, mantendo a sua base na promoção do artesanato e design. Segundo Irlando Ferreira, este ano o evento trouxe o tema “imaginar futuros”, porque mais que nunca é necessário refletir sobre o futuro enquanto pais, enquanto sector criativo. Por este motivo, prossegue, a feira terá uma presença mais acentuada dos municípios do Sal e da Ribeira Grande de Santiago. “Quando se fala do futuro temos de pensar de que forma podemos posicionar o turismo e a cultura no futuro do país. Já Ribeira Grande de Santiago justifica-se devido a nossa matriz cultural. Se quisermos ir longe em identidade e proposta cultura temos de pensar a partir da nossa matriz e nada como a Cidade Velha como o berço de Cabo Verde”, diz Ferreira.
A URDI começou a mexer-se com a realização do concurso de design Claridade, com 30 candidaturas de artes plásticas, arquitectura e artesanato das ilhas de S. Vicente, Santo Antão, Santiago e da França, com 11 peças selecionadas, 4 delas de autores convidados, isto é, designers que fazem parte da URDI.
Outra novidade deste ano é a residência criativa POTE, que começou a 18 de out e vai até 25 de novembro no CNAD, com 9 convidados de áreas diferentes. O evento será ainda enriquecido com Urdi Júnior, com a participação de 21 alunos do sexto ano da escola Arnaldo Medina e 14 do 12. ano da Escola Industrial e Comercial e o Food Design, ligado a artesãos da área da gastronomia. A feira ainda se estende a outros espaços como a Galeria Nhô Djunga, Jazzy Bird, Prassa 3, Alternativa, Bumbu Minino e Clube Náutico.