A cultura cabo-verdiana perdeu mais uma figura proeminente. Faleceu o pintor Manuel Figueira, artista cujo nome ficará eternamente ligado à história do Centro Nacional de Artesanato, a primeira instituição cultural criada em Cabo Verde após a independência, que geriu durante 10 anos. Ele que esteve presente no acto inaugural da remodelação do actual edifício do CNAD no dia 30 de julho de 2022, no Mindelo.
No Facebook, o irmão e artista Tchalé Figueira deixou uma curta mensagem para acentuar que Manuel Figueira deixou uma herança imensa à cultura cabo-verdiana. Para João Branco, esse percursor do artesanato e das artes plásticas cabo-verdianas partiu para outra dimensão. Por seu lado, Any Delgado, gestora da página Orgulho Nacional, escreveu que o céu de Cabo Verde ganhou mais uma estrela e republica alguns dados sobre a trajectória desse homem do pincel que tinha a sua galeria na emblemática Rua da Praia d’Bote, na Cidade do Mindelo.
Delgado recorre como fonte a publicação aviagemdosaergonautas.net, segundo a qual o falecido artista nasceu em 1938 na ilha de S. Vicente e viveu em Portugal entre 1960 e 1974, onde concluiu o curso de Pintura na Escola Superior de Belas Artes de Lisboa. Regressou a Cabo Verde em 1975 para colaborar com a revitalização da cultura popular do arquipélago. Uma vez no arquipélago, funda em 1976 a Cooperativa Resistência com o objetivo de manter viva a tecelagem tradicional cabo-verdiana. Entre 1978 e 1989, foi diretor do Centro Nacional de Artesanato.
A partir de 1963, o artista passou a expor suas obras em mostras coletivas e individuais, com exposições na Áustria, Bélgica, Brasil, Espanha, França, Estados Unidos da América, Portugal e, naturalmente, Cabo Verde.
Em 2005, a Galeria Perve apresentou a primeira retrospetiva de Manuel Figueira realizada em Portugal. Nesta exposição, “Visões do Infinito”, foram apresentadas 126 obras do período compreendido entre 1963 (anterior à sua viagem para Portugal) e obras datadas de 2004.
Pelo seu riquíssimo percurso, o artista foi agraciado com importantes distinções. Em 1988 recebeu o Prémio Jaime Figueiredo (do Ministério da Cultura e Desportos de Cabo Verde) e em 2000 recebeu a Medalha do Vulcão, condecoração atribuída, por ocasião dos 25 Anos da Independência, pela sua importância nas Artes Plásticas e na cultura de Cabo Verde.
A sua obra está representada em inúmeras coleções públicas e privadas de diversos países, com destaque para as peças incluídas nas coleções do Museu de Ovar, Banco Fomento, Banco Totta & Açores, A.N.P. (Cidade da Praia, Cabo Verde), Embaixada de Cabo Verde para a ONU (Nova Iorque), Fundação Pró-Justitae e Palácio da Cultura (Cabo Verde).
O jornal Mindelinsite apresenta as mais sentidas condolências aos familiares de Manuel Figueira, homem que soube vivenciar a cultura cabo-verdiana e que muito apreciava a sua ilha natal, em particular a praia da Lajinha.