Espectáculo infantil “Na mund d’cosa runhe tem teatro” estreia hoje no CCM

Estreia hoje no Centro Cultural do Mindelo, com reposição amanhã no mesmo espaço, a peça “Na mund d’cosa runhe tem teatro!”, com dramaturgia e encenação de Patricia Silva e direcção de atores de Dy Fortes. O espetáculo revive alguns personagens míticos das histórias tradicionais de Cabo Verde, caso de Ti Ganga, Canelinha, Gon-gon, Catchorrona, Cavirinha, Pé d’ Cabra, entre outros. 

Trata-se de uma peça teatral apresentada pelos alunos da Oficina de Teatro permanente para crianças da Xpressá Escola de Teatro. Começou a ser montada, segundo Patrícia Silva, em novembro do ano passado. “Marca a estreia dos alunos da Oficina de Teatro para Crianças no palco do CCM, com texto. Já tinham apresentado antes, mas apenas como um exercício de expressão corporal. Os atores são crianças com idades compreendidas entre os 7 e os 9 anos, pelo que processo tem sido difícil”, explica. 

Patrícia ressalva, entretanto, que estas crianças frequentam a escola de teatro desde a sua criação, em 2022, facto que confere confiança à diretora artística da Xpressa Escola de Teatro. “Algumas destas crianças estão connosco desde o jardim. Mas tem sido um desafio, não obstante estarem na oficina com maior consistência na escola porque a turma têm se mantido e a sua evolução é notória, em comparação com as outras turmas. Por isso, resolvemos desafiar estes alunos no palco do CCM.”  

Sobre a peça, explica que a ideia é dar continuidade ao trabalho que de resgate da oralidade cabo-verdiana. “Estamos a resgatar a nossa tradição e cultura. O texto é da minha autoria e resulta de uma pesquisa que fiz de algumas figuras da nossa oralidade. Por exemplo, das histórias de futcera, Ti Lobo, Chibinho e Ti Ganga. Também encontrei um livro de Ivone Ramos, que tem uma rica recolha das principais figuras do nosso imaginário. Trata-se de uma adaptação da minha pesquisa ao teatro.”

A entrevistada justifica todo este trabalho com a dificuldade em encontrar textos dramáticos em Cabo Verde. Cita, a título de exemplo, a adaptação dos contos “Blimund” e “Unine”, ambos da autoria de Leão Lopes, que foram adaptados ao teatro. “O livro da D. Ivone, já falecida, tem uma adaptação riquíssima de 11 fantasmas do imaginário de Cabo Verde: Gongon, Noivas, Canilinha, Catchorróna, Xuxo, Cavirinha, Homem d’Tchapéu d’Panamá, Pé de Cabra, Bejon, Capotóna, Luzóna e Cutumbembém.”

No palco vão estar durante cerca de uma hora 16 atores mirins, um número que, de acordo com Patrícia Silva, demanda boa equipa nos bastidores para apoiar nas trocas de roupas de algumas crianças que vão representar duas personagens.   Já o processo criativo contou com parceria de um designer que deu corpo aos personagens e de fazedores do carnaval na confecção dos adereços. 

“O pessoal de estaleiro do grupo Cruzeiros do Norte costurou os trajes e fez os adereços, designadamente na confecção de máscaras pormenorizadas. Esta peça teatral acaba por ser um casamento perfeito entre mim, o designer Tiago Rendall e  fazedores do carnaval. Fiquei satisfeito com o desenho feito por Tiago, que por sua vez também está contente com o trabalho artesanal de Smell e equipa dos Cruzeiros do Norte, aderecista Tonga e cenógrafo Nóia Morais,” acrescenta.  

O espetáculo será apresentado nos dias 29 e 30, às 18h, no auditório do centro cultural do Mindelo.

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