Camila Silva, a rainha da bateria do grupo Mocidade Independente há 4 anos, é a professora de samba escolhida para dar continuidade aos workshops de passista enquadrados no projecto Carnaval de Verão, desenvolvido entre a Câmara de S. Vicente e o artista brasileiro Dudu Nobre. Esta ex-actriz vai aprimorar os ensinamentos ministrados nas primeiras duas edições por Raíssa (2017) e Jéssica Maia (2018), cursos que têm melhorado a performance das figuras de destaque nos desfiles dos grupos carnavalescos mindelenses.
Como comprova Nely Tavares, musa do Cruzeiros do Norte, graças a essas formações ficou melhor esclarecida sobre o que é sambar e ser uma passista, desenvolveu as suas técnicas de samba no pé e aumentou a sua bagagem graças a partilha das experiências das professoras brasileiras. Por esta e outras razões está expectante sobre as novidades que Camila Silva vai trazer.
A dançarina brasileira faz parte de um leque de 12 palestrantes escolhidos para a terceira edição do Carnaval de Verão, como atesta a relação enviada ao Mindelinsite pela assessoria de Dudu Nobre, e acontece este ano de 29 de Julho a 6 de Agosto, ou seja, na semana do festival da Baía das Gatas. Na sua maioria são caras novas, com expepção de Lucinha Nobre, Porta-bandeira presente desde o início. Desta vez, Lucinha irá ministrar aulas no quesito Mestre de Cerimónias. As técnicas de Porta-bandeira serão agora passadas por Selma Rocha, mais conhecida por Selminha Sorriso, Porta-bandeira do Grémio Beija Flor de Nilópolis desde 1996, premiada com seis Estandartes de Ouro, e que celebra este ano os 30 desfiles na festa do Rei Momo brasileiro.
O trabalho de Selminha será complementado por Cláudio de Sousa, Mestre-sala da Beija Flor e detentor igualmente de seis Estandartes de Ouro entre 1994 e 2015, enquanto responsável pela capacitação dos acompanhantes das portadoras das bandeiras das escolas de samba.
Este ano, a pesquisadora cultural Maria Augusta substitui o “amado” comentador da Globo Milton Cunha. Esta formadora profissional, ela também comentadora da Globo e júri do prémio Estandarte de Ouro, irá ministrar palestras enquanto Carnavalesca. Maria Augusta, já assinou projectos dos grupos União da Ilha do Governador e Beija Flor, tendo iniciado o seu trabalho com o Salgueiros como assistente de cenografia.
Caberá a escultora Andréa Vieira ministrar a oficina de Cenografia para um leque de pelo menos vinte artistas plásticos. Esta responsável pelas esculturas dos andores que a Portela levou ao sambódromo do Sapucaí este ano irá mostrar as técnicas de confecção de maquetes e figurinos.
A reciclagem de materiais estará a cargo de Edu Gonçalves, ele próprio assistente da artista plástica Maria Augusta. Com larga experiência em reaproveitamento de matéria-prima, Edu é um design, figurinista, produtor de moda e carnavalesco com projectos premiados principalmente nas escolas do chamado grupo de acesso.
Ainda no domínio das artes plásticas, a edição deste ano continua com a oficina sobre plumagem, iniciada no ano passado. O curso estará sob a alçada de Fernando Magalhães, um criador que se manobra no eixo carnavalesco Rio de Janeiro/São Paulo e com espectáculos produzidos nos Estados Unidos. Vencedor de vários prémios graças a confecção de fantasias de comissões de frente, porta-bandeiras e mestres-salas de grupos como Salgueiro, Unidos da Tijuca e Mocidade, Edu vai colocar a sua expertise à disposição dos alfaiates, costureiras e designers de moda dos grémios de S. Vicente.
A construção de alegorias será ensinada por Hélcio Paim, um carnavalesco envolvido nas lides da festa do entrudo desde 1981 e actual responsável pela parte estrutural das alegorias do Unidos da Tijuca. Ele que em Novembro passado foi distinguido com a Medalha Tiradentes, concedida pela Assembleia Legislativa do Estado do Rio de Janeiro pelo seu relevante contributo ao Carnaval.
O ritmo da batucada será comandada este ano pelo percussionista Odilon Costra, considerado um dos mais conceituados maestros nos seus 40 anos de carreira. Nascido no Rio de Janeiro, Odilon começou a tocar aos 11 anos de idade e hoje já passou pelo comando das baterias do Salgueiro, Beija Flor e Grande Rio, tendo conquistado o Estandarte de Ouro em 1999 e 2005. Actualmente faz parte da direcção da bateria da Mocidade Independente e dá formação para julgadores em todo o Brasil.
O conhecimento dos jurados será reforçado por Wilsinho Alves, esta que é uma das áreas mais sensíveis, alvo normalmente de críticas por determinar os resultados dos concursos. Membro da plenária da LIESA – Liga das Escolas de Samba do Rio de Janeiro –, Wilsinho possui uma “vasta experiência” sobre as diversas fases da cadeia produtiva do Carnaval. Já integrou equipas dos grupos Unidos do Viradouro, foi director do Carnaval do Unidos da Vila Isabel e possui no seu currículo uma série de prémios arrebatados entre 2006 e 2019.
A Comissão de Frente, “matéria curricular” deste a primeira edição, será desenvolvida pela coreógrada Ariadne Lax, detentora de diplomas em áreas como Balé Clássico, Dança Afro, Sapateado, Composição Coreográfica e Dança de Salão.
Apesar das tentativas, foi impossível ao Mindelinsite falar com a Ligoc-SV e com a Câmara de S. Vicente até a publicação desta notícia sobre os preparativos para o Carnaval de Verão.
Kim-Zé Brito