Os espectáculos “Debaixo do Poilão” de Angela Marques e Fernando Moreira na Academia Jotamonte e “Born of Normal Parents” de Murray Malloy no Centro Nacional de Artesanato e Design abrem esta segunda-feira a edição Aurora do Festival de Internacional de Teatro do Mindelo (Mindelact 2025). A apresentação das duas peças peças será antecedida de um ato simbólico para assinalar o arranque da 31.ª edição deste festival de teatro.
À imprensa, Yannick Fortes afirmou que Murray Malloy, protagonista da peça Born of Normal Parents, é um artista irlandês que detém o recorde do Guinness como engolidor de espada. “Ele faz um espetáculo de malabarismo e com uma espada. É algo diferente que estamos a trazer para o público em São Vicente. Ánoite, teremos estreia no Palco 1, na Academia Jotamont. Teremos o espetáculo Debaixo do Poilão, que foi apresentado na semana passada, no Festival de Teatro Atlântico e que agora está no Mindelo.”
O presidente da Direção desta Associação Artística e Cultural explica que a peça, que tem Ângela Marques (Portugal) e Odete Môsso (C.Verde) como intérpretes, foi bem recebida na Praia e espera igual acolhimento em S. Vicente. “É uma espetáculo excelente e acredito que as pessoas vão adorar. Depois vão ver uma atriz que saiu daqui desta ilha, está a brilhar em palcos internacionais e regressa para se apresentar novamente em S. Vicente, acredito que vai ser uma boa experiência para o nosso público.”
Apesar desta ser a sua primeira vez em Cabo Verde, Murray Malloy deixou claro que tinha um forte desejo de se apresentar no país. “É a minha primeira vez aqui, mas há uns 30 anos estive na Argentina e conheci uma comunidade cabo-verdiana muito grande. Foi lá que comi a cachupa pela primeira vez. E gostei muito. Também escutei muito sobre Cabo Verde e queria ver conhecer.”
Um desejo que, afirma, cresceu ainda mais depois que um amigo brasileiro visitou C. Verde e ele próprio não conseguiu. “Tinha outra coisa para fazer na altura, mas me alegro por finalmente estar aqui”. Sobre o espetáculo da tarde de hoje, garante que é principalmente de humor. “Tem humor, alegria, muitas coisas diferentes e algumas estranhas. Somos poucos no mundo que fazem este tipo de espetáculo e gosto de partilhar com o público. Durante 25/30 minutos de comédia, mas também onde engulo uma espada.”
Essas façanhas, apresentadas de forma humorística, alegre e positiva, são o que torna este espetáculo tão especial, espontâneo e divertido. Já a peça Debaixo do Poilão, leva ao palco duas mulheres, que falam de textos africanos, alguns cabo-verdianos, como Vera Duarte e Corsino Fortes. “Há muitos outros textos que, apesar de não integrarem a peça, fizeram parte das nossas leituras de preparação. Há muita inspiração de literatura e textos icônicos e importantes da literatura cabo-verdiana”, frisou Odete Môsso, destacando a forte presença da mulher no trabalho feito e que é perceptível para o público, designadamente através de temas transversais como a mulher na sociedade, sentimentos, relacionamento e contextualização social.
A também atriz e directora artística do espetáculo, Ângela Marques, contou que o projeto “Debaixo do Poilão” nasceu há dois anos quando Astro Fingido foi convidado para se apresentar em Cabo Verde, particularmente ao Festival de Teatro do Atlântico (Tearti). “Apresentamos as Brancas Memórias e, na altura, fomos fazer uma visita ao Poilão. Nunca tínhamos estado debaixo de algo tão gigantesco como aquela. Foi realmente impressionante. Daí nasceu a ideia deste projeto”.
De imediato, frisou, surgiu a ideia de convidar Odete Môsso, que já é repetente em seus projectos. “A peça tem textos de inspiração africana e cabo-verdiana. Tem música portuguesa e cabo-verdiana, e é dirigido por Fernando Moreira. Espero que todos apareçam para ver a peça”. A sinopse reforça que Debaixo do Poilão é uma experiência teatral que parte do encontro entre diferentes culturas para tecer histórias, sensações e imagens que emergem da terra, do vento e das sombras que dançam sob a copa da árvore.
Mas que um espetáculo, concluiu, é uma jornada sensorial que convida o público a sentir, imaginar e redescobrir histórias africanas guardadas pelo tempo.
