O actor brasileiro Chico Diaz, que regressa a S. Vicente 20 anos depois de participar no filme “O Testamento do Sr. Napumoceno”, diz que estar no Mindelact o aproxima do mundo que procura viver actualmente, ou seja, da arte feita de forma mais artesanal e humana. Ele que é o convidado de honra desta edição do festival de teatro do Mindelo defende que este é o teatro que transforma de uma forma mais perto, sem filtros industriais e tecnológico que afasta os artistas daquilo que é sagrado e ritualista.
Chico Diaz, que falava hoje a imprensa no Centro Cultural do Mindelo, disse agradecer de coração o afecto e a amizade, mas também a possibilidade de estar em S. Vicente entre tantos talentos e pontos de vista. “A pluralidade neste mundo é fundamental. Queria aqui manifestar, em alta voz, a alegria, honra e o privilegio de estar na 25ª edição do Mindelact. Eu gosto de teatro e do teatro feito no Mindelact, que apresenta uma programação tão variada e me aproxima deste mundo que estou querendo viver, da arte feita de uma forma mais artesanal em que o barro e a madeira estão muito mais perto e o ser humano também.”
Neste contexto, Chico Diaz acredita que estar nestas ilhas será muito enriquecedor porque também há e sente a convergência de argumentos lusófonos, africanos, brasileiros e ‘terceiromundista’ em forma de arte. “Desde que cheguei me senti benquisto”, frisou, apesar de não se permitir fazer grandes comparação com a primeira visita, há 20 anos. “Em termos de impressões urbanísticos, vi que Mindelo está maior, mais potente e florescido. A nível artístico ainda não tive muito contacto, mas estou impressionado com o pouco que já vi do Mindelact”, afirmou.
Para já, mostra-se ávido e desejoso de absorver tudo. “Estou muito curioso como espectador. Acredito que vou levar de Cabo Verde mais do que trouxe. Aliás, esta é a minha intenção. Quero ver tudo, todos os dias, para poder ter uma impressão deste festival de teatro”, acrescentou este Diaz, que se mostra também disponível para trabalhar com os actores de Cabo Verde em projectos futuros, desafio prontamente aceito Branco.
Para o director do Mindelact, a presença de Chico Diaz no Mindelo é resultado de um longo namoro, após muitos anos sem contacto, depois de terem contracenado juntos em “O testamento do Sr. Napumoceno”. E é o convidado de honra deste festival de teatro, representando uma vasta comunidade artística brasileira que neste momento passa por privações.
“Chico Diaz está aqui, de certa forma, como um gesto de amizade, mas também como um acto politico. A sua presença no Mindelact sublinha a sua militância em relação a situação actual do Brasil” pontuou João Branco, que aproveitou para congratular com a decisão do Supremo Tribunal do Brasil que decidiu ontem pela ilegalidade da prisão de Lula. O director do Mindelact regozijou com a aprovação da Morna Património da Humanidade da Unesco. “Hoje é um dia de festa para todos”, concluiu.
Constânça de Pina