A cantora Cláudia Sofia marcou ontem uma nova etapa na sua carreira artística com a divulgação nas plataformas digitais de “Monte Cara”, uma canção da sua autoria inspirada nessa gigantesca montanha ex-libris da ilha de S. Vicente. A música nasceu em 2015, quando ela estava sentada na praia da Lajinha com o seu violão, frente a uma pintura mágica do Monte Cara iluminado por um luar de prata, cuja luz reflectia no mar.
“A inspiração invadiu-me perante este quadro tão bonito da natureza. Peguei na minha guitarra e comecei a compor a música”, conta a jovem de 29 anos, que nutre uma forte paixão pelo gigante de pedra. Para Clô, como é tratada, Monte Cara é o brilho de S. Vicente, e S. Vicente o brilho de Cabo Verde.
Cantada em crioulo, a canção é uma fusão de Bossa-Nova e o estilo Flamengo. A cantora explica que essa opção tem a ver com os géneros musicais que costumava ouvir na rádio na sua infância. Para dar um toque mais sofisticado à obra, contou com a participação do músico brasileiro Ivan Benks e do guitarrista alemão Lulo Reinhardt, que actuou no Mindelo Summer Jazz.
Gravada em S. Vicente, no estúdio do técnico Jorge Nunes, a composição Monte Cara é a primeira lançada por essa jovem cantora das noites cabo-verdianas na Cidade do Mindelo. Por isso, para ela, este passo é um ponto de viragem na sua trajectória artística. “Diria que a minha carreira está agora a começar”, considera esta jovem, que quer deixar de ser conhecida apenas como uma voz intérprete para assumir a condição de autora.
Na gaveta, Cláudia Sofia tem mais 5 arranjos musicais prontos para serem lançados em 2024 na internet. Cada música terá o seu timing certo. A estratégia é ir criando no público a vontade de escutar a próxima composição.
Apesar de parecer uma jovem extrovertida, que já pisou as passarelas da moda e vários palcos em S. Vicente, Cláudia assume-se como uma pessoa tímida. Tanto assim que evitou durante algum tempo mostrar o seu talento musical. Foi por influência do baterista alemão Markus Leukel que ganhou coragem para dar asas à sua voz e guitarra.
Desde criança que Cláudia Sofia vive a música. A mãe constatou a sua paixão e a inscreveu numa escola de música quando tinha apenas 5 anos. Dois anos mais tarde fez a sua primeira actuação pública em Portugal no concurso Chaminés de Ouro. Voltaria a representar Cabo Verde neste evento aos 12 anos de idade, tendo ficado no terceiro lugar. Entretanto, aos 11 anos chegou a vencer o certame Pequenos Cantores, em S. Vicente.
Inicialmente, a jovem pretendia formar-se em Direito. Tentou também uma carreira no mundo da moda como rosto da Elite Model, mas a música falou mais alto. Tanto assim que aos 19 anos decidiu abraçar sem timidez o chamamento das notas musicais.
Cláudia é hoje uma profissional da música, que se dedica a tempo inteiro a esta arte, apesar das dificuldades próprias do mercado cabo-verdiano. “Ser uma profissional da música em Cabo Verde é uma aposta arriscada porque ainda o trabalho do artista não é devidamente valorizado. Talvez isto venha a mudar quando todos os artistas derem as mãos com o mesmo propósito”, considera.
“Monte Cara” é descrita pela autora como “música cartão-postal de S. Vicente”. Aliás, esta obra será usada pela patrocinadora, a agência de viagem Vista Verde, para atrair mais turistas para a terra do Monte Cara.