Artista plástico Manú Rasta em S. Vicente: “A reconciliação entre o Vindos do Oriente e a Ligoc-SV é inevitável”

O artista plástico Manú Rasta confidenciou ao Mindelinsite que gostaria de ver o Vindos do Oriente e a Ligoc-SV reconciliados a bem do Carnaval de São Vicente. Para esse reconhecido carnavalesco do VO, esse passo é mesmo inevitável. De regresso à cidade do Mindelo após um ano e meio em tratamento em Portugal, esse filho da zona da Ribeira Bote confessa que ficou triste com a ausência desse grupo bicampeão de S. Vicente do concurso oficial deste ano, mas, para ele, ambas as partes devem dialogar até chegarem a um consenso.

“Fui invadido por um profundo sentimento de tristeza porque o Vindos do Oriente é um excelente grupo e a sua ausência deixa falta ao Carnaval e ao esforço de todos nós de elevar o nível desta manifestação cultural em S. Vicente. Há décadas que todos os intervenientes estão a trabalhar para colocar o Carnaval no pódio enquanto produto turístico, o que é um desafio exigente e permanente. Deste modo, cada elemento, cada grupo é essencial para atingirmos esse objectivo”, relembra esse artista, para quem o acordo tem de ser o caminho a seguir, até porque a Liga não é uma entidade autónoma.

“A Ligoc representa os grupos, ela não é autónoma, assim como os grupos não são autónomos. Assim sendo, têm de trabalhar em conjunto, não há espaço para quezílias. Do diálogo nasce a luz, da briga nasce a discórdia”, frisa Manú Rasta, que tem recebido o carinho de centenas de amigos desde que chegou a Mindelo. Para ele, regressar a S. Vicente, ainda mais por altura do Carnaval, significa o renovar da vida e da energia.

“Preciso do sol da minha terra e do calor dos meus familiares e amigos. Isto vai certamente ajudar na minha recuperação”, salienta Manú Rasta, que reconhece ainda o grande apoio que tem recebido dos portugueses desde que chegou a Lisboa para tratamento.

Trazer Manu Rasta a S. Vicente sempre fez parte dos propósitos do Vindos do Oriente, segundo Josina Freitas. O grupo, diz, estava apenas à espera do melhor momento para fazer-lhe essa surpresa. “Era para o Manú vir antes, mas tivemos de esperar melhorias na sua recuperação. Ele sempre continuou a trabalhar connosco de fora para dentro, apesar de muita gente afirmar que não tínhamos carnavalesco este ano. Felizmente que isso foi possível agora, o que vem mesmo a calhar porque estamos a comemorar a paz e a vida no assalto que vamos levar à rua este sábado”, salienta Josina Freitas, ela que garante um desfile de grande qualidade amanhã à noite.

Esta convicção ficou mais forte depois da qualidade do ensaio de ontem.“Depois deste ensaio fica provado que vamos sair com muita folia porque sentimos a união da família VO”, diz Josina Freitas. Segundo esta porta-voz, o grupo vai sair com comissão de frente, casal mestre-sala/porta-bandeira (mas sem bandeira), a ala do casamento indiano – composta por uma noiva e convidados – coreografia do grupo Haven Angels, ala folia, passistas, trio-eléctrico, rainha de bateria, batucada e, por último, a ala das pessoas que compraram camisolas. “Ainda há espaço para o povo vir festejar connosco este momento de folia, energia e paz. Por isso a mensagem da nossa música é Namaste nha pove”, diz Josina Freitas, que não sabe precisar quanta gente vai sair no assalto. Mas assegura que são muitas pessoas.

Kim-Zé Brito

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