Foi apresentado no sábado, 02 de março na Casa Internacional dele Donne em Roma, a segunda edição do livro “Soncente”, da autoria da escritora Orlanda Amarilis. Foi um sucesso e todos saíram satisfeitos da sessão, segundo a cabo-verdiana Maria de Lourdes, que discursou no ato junto com os editores Nicola Morganti e Rachele Spizzo, e Rosella Clavari (Associação Escritos d’ Africa).
O lançamento da obra foi uma ocasião para celebrar e homenagear esta que é uma importante escritora e contista da ficção cabo-verdiana, no centenário do seu nascimento em Assomada, em 1924. Orlanda Amarílis, recorda-se, faleceu a 1 de fevereiro de 1914 em Lisboa, Portugal, aos 89 anos.
“Quero aqui agradecer, mais uma vez, a nossa saudosa amiga e amante da literatura cabo-verdiana, Maria Teresa Palazzolo. Foi ela a tradutora de Soncente e também do Senhor Napumocena da Silva Araújo de Germano Almeida, ambos publicados com Guaraldi-Aiep. Somos gratas a Maria Teresa também por ela ter sido a pessoa que apoiou muito a Associação das Mulheres Cabo-verdianas que até beneficiou da sua abundante generosidade”, declarou Lourdes, realçando que a ocasião foi aproveitado para celebrar estas duas damas, Amarilis e Teresa, unidas pelo amor à literatura.
Para esta jornalistas cabo-verdiana, Maria Teresa Palazzolo representa a parte melhor da Itália: a mais sensível, aberta, culta, interessada em conhecer e interagir com as comunidades em Itália. “Teresa era uma amante da literatura africana. Juntamente com um grupo de amigos, fundou a associação cultural ‘Scritti d’Africa. Foi neste contexto cultural, no início dos anos 90, que a conheci”, acrescentou.
Foi Maria Teresa quem traduziu para o italiano e propôs à editora Guaraldi-AIEP publicar os dois primeiros livros de escritores cabo-verdianos, no caso “O Testamento do Senhor Napumoceno da Silva Araújo” de Germano Almeida e “Soncente” de Orlanda Amarilis . “Quando a conheci Maria Teresa fazia parte do direção da Associação de Mulheres Cabo-verdianas em Itália. Teresa sempre admirou a nossa associação, não só pelo dinamismo e entusiasmo em enfrentar os problemas, mas sobretudo pelos projetos realizados a favor da comunidade”, afirma a entrevistada.
Relativamente à escritora Amarilis, as suas “mulheres-sós”, têm no crioulo a sua forma linguística de identificação. A diáspora está igualmente presente em três livros de contos da autora, com destaque para “Cais-do-Sodré”, ponto de partida e de chegada de Andresa. Mas é a ilha de São Vicente que surge como referência básica de Orlanda Amaralis: a ambiência insular da cidade do Mindelo, a atividade social onde todos se conhecem, o curso das conversas, etc.
A escritora orlanda Amarilis, refira-se, integrou o movimento literário “Certeza” (1944), revista que depois da “Claridade” marcou um momento significativo na vida cultural cabo-verdiana, de acordo com Brito-Semedo. E autora dos livros de contos Cais de Sodré Té Salamansa (1974), Ilhéu dos Pássaros (1983) e A Casa dos Mastros (1989). Foi casada com o escritor Manuel Ferreira.