O vereador do Ambiente e Fiscalização da Câmara de São Vicente afirmou que as cadeiras e diferentes tipos de materiais utilizados para marcar lugar nas ruas de morada obrigam a edilidade a repensar o Carnaval de São Vicente. José Carlos da Luz garantiu, entretanto, que pretendem retirar alguns marcadores, nomeadamente as pedras e bancos, que podem constituir perigo para as pessoas.
O autarca fez estas afirmações ao ser confrontado com as críticas que têm inundado as redes sociais. José Carlos começou por defender que o Carnaval de São Vicente já atingiu uma dinâmica que obriga a edilidade a repensar como fazer esta festa. “De facto, estas marcas que colocam ao longo do percurso -cadeiras e outras coisas – não dignificam a nossa cidade. Por isso, temos vindo a apelar a população no sentido de evitar colocar objeto para fazer estas filas”, afirmou.
Este alegou, no entanto que esta prática pode ser uma indicação para os próximos carnavais. “Se calhar, a população está a dar-nos uma indicação e ela tem de ser levada em conta. Uma indicação de como fazer por forma a que possamos dar resposta às necessidades. As bancadas disponibilizadas atendem a um número reduzido de pessoas – quatro mil lugares – e que a população que se desloca à cidade para ver o Carnaval precisa de espaço para se acomodar.”
O autarca garante que está a trabalhar, junto com a equipa de fiscalização e outros serviços da Câmara Municipal e, de imediato, vão limpar a cidade dos objectos que não a dignificam. “Repare que há papelões e pedras, que colocam em causa a segurança das pessoas. Uma cadeira podemos entender, mas vamos tomar medidas para retirar ealguns destes objectos da cidade”, prometeu.
Entretanto, quando confrontado com a diminuição contínua do circuito, com o encerramento de mais ruas, designadamente na Rua Machado, este limita-se a dizer que é o melhor lugar para assistir o carnaval porque permite ver os grupos na totalidade. “Foi por isso que pensamos neste espaço. Tem a ver com a projecção que dá para toda a extensão da cidade. Mas ainda há outros espaços por toda a cidade onde as pessoas podem brincar o Carnaval. Mas volto a repetir que temos de pensar em uma solução para os próximos carnavais.”
Relativamente ao “negócio paralelo” das cadeiras, ou como costumamos dizer em crioulo “mercado negro”, José Carlos justifica com a procura e diz que se trata de algo que foge ao controlo da Câmara. “Faz parte da dinâmica e da esperteza do sanvicentino”, declara, dizendo estar aberto a sugestões para os próximos desfiles, incluindo a proposta de se construir um sambódromo, sobretudo porque, com a criação da Ligoc, o Carnaval ficou mais organizado.
Questionado se o Código de Posturas Municipais não se aplica nesta situação, este limitou-se a dizer que o Carnaval é um produto de extrema importância para S. Vicente, mas garante que estão atentos às más praticas.
O centro do Mindelo, mais precisamente a rota do desfile do Carnaval, ficou totalmente ocupado com objectos que servem como marcadores de lugares colocados por populares. Anilton Cruz, abordado quando estava a colocar um banco, explica que pretendia marcar lugar na segunda-feira. Mas quando saiu do trabalho viu que as ruas já estavam a ser invadidas e decidiu agir para não perder a oportunidade. A ideia é garantir um lugar para a família, composta por 15 pessoas, assistir ao espetáculo. E escolheu perto do BCA, um dos pontos estratégicos por ficar logo à entrada da Rua de Lisboa.
Questionado se não receia que os bancos serem recolhidos pela CMSV, responde com toda a calma que, nesse caso, a Câmara deveria começar por retirar as bancadas e deixar o espaço livre para o povo circular.