Os grupos carnavalescos Cruzeiros do Norte e Flores do Mindelo, os únicos que vão participar no desfile oficial em 2026, terão as suas verbas reforçadas para concretizarem os seus projectos. A informação foi avançada pelo presidente da Câmara Municipal de São Vicente, o principal patrocinador e dono da festa do Rei Momo na ilha do Porto Grande.
Segundo Augusto Neves, o reforço das verbas atribuídas aos grupos carnavalescos tem sido uma prática quando alguma agremiação opta por não participar dos desfiles oficiais, por motivos vários. Nestes casos, sublinha o autarca, o montante orçamentado pela Câmara Municipal de S. Vicente para o ano económico, é distribuído entre os grémios que vão estar presentes no sambódromo do Mindelo.
Para o efeito, esclarece que existe um montante que anualmente consta do orçamento municipal. “No ano passado, este montante foi dividido pelos seis grupos – Escola de Samba Tropical, Monte Sossego, Cruzeiros do Norte, Vindos do Oriente, Estrela do Mar e Flores do Mindelo. Obviamente, à semelhança do que fizemos nos anos em que Vindos do Oriente não participou do desfile oficial, e dividimos a sua cota para todos os grupos, iremos este ano melhorar os subsídios atribuídos aos dois grupos.”
O autarca justifica dizendo que Cruzeiros e Flores do Mindelo vão se sujeitar ao mesmo regulamento e condições dos anos anteriores. Salienta, por outro lado, que a CMSV tem tido um papel importante no Carnaval de S. Vicente, assim como o Governo e as instituições que tudo têm feito para a sua melhoria ao longo dos anos. Disse, aliás, que este ano o Governo decidiu disponibilizar mais cedo a primeira tranche da verba do Carnaval às agremiações.
Confrontando com a posição dos quatro grupos que dizem desconhecer o propósito deste montante, Augusto Neves garante que todos sabem que a verba é a primeira tranche transferida pelo Governo para o desfile. “Os grupos carnavalescos que não vão participar do desfile oficial terão de devolver o montante à Ligoc-SV, salvo se o ministério da Cultura tomar outra decisão. A orientação que temos é de que esta verba refere-se à primeira tranche do Governo para os grupos iniciarem os trabalhos. Os grupos exigiram durante muito tempo que os apoios fossem entregues com antecedência, e com razão.”
Já o presidente da Liga Independente dos Grupos Oficiais do Carnaval de S. Vicente, apesar de admitir que o acordado era que o montante fosse para o desfile de 2026, mostra alguma cautela quanto ao destino a dar à verba atribuída pelo Governo. “Na minha opinião pessoal, não enquanto presidente da Liga, sei que os grupos têm tido algumas dificuldades e precisam deste dinheiro para fazer face a alguma dívida. Mas é uma decisão do MCIC. Não depende da direção Executiva ou do Marco Bento. O dinheiro já foi entregue, cabe por isso a tutela dizer se será devolvido ou utilizado para a realização do Carnaval 2026.”
Quanto ao levantamento solicitado pelo MCIC relativo as perdas decorrentes da tempestade Erin, em que o Governo se comprometeu a ressarcir os grupos, o edil mindelense alega que o assunto é com a tutela.
