A. Neves: “Não são 3 ou 4 pessoas que, por oportunismo e motivações políticas ou pessoais, irão decidir se há ou não Carnaval”

O presidente da CMSV garantiu esta manhã que a cidade do Mindelo vai ter o seu Carnaval e politizou a decisão dos grupos Monte Sossego, Estrela do Mar, Samba Tropical e Vindos do Oriente de cancelarem a sua participação no concurso oficial de 2026 por alegada falta de condições mínimas para materializarem os seus enredos. Reagindo a esse posicionamento, Augusto Neves salientou que a autarquia tem dado o seu máximo para que essa manifestação cultural atingisse o actual patamar e que serão 3 ou 4 pessoas movidas por “oportunismo e motivações políticas ou pessoais” que irão determinar se haverá ou não Carnaval.

“Os que, por compromissos políticos e os pessoais, irão estar envolvidos nas campanhas eleitorais legislativas do próximo ano que deixem os outros trabalharem, pois, para nós, o Carnaval está em primeiro lugar. E todo o mundo sabe que em todas as partes onde se faz o Carnaval é um acto de profundo sacrifício, voluntarismo, e não de interesses partidários ou pessoais”, declarou o autarca, que considerou uma “vergonha” haver actos de alegado aproveitamento da fragilidade actual de S. Vicente e de tentativa de chantagem, “pese embora todo o trabalho feito em prol da melhoria do Carnaval”.

Neves reafirma que Mindelo terá o seu Carnaval porque, diz, quem faz o evento é o povo e os principais financiadores da festa, prossegue, são a CMSV, o Governo e as instituições públicas e privadas. Neste sentido enaltece o papel de cada uma das entidades, como os Mandingas, os grupos oficiais, o Samba Tropical, os trios eléctricos, os professores e de todos os grupos de animação.

Lembra, no entanto, que a ilha de S. Vicente atravessa uma situação excepcional devido aos danos provocados pela chuva do dia 11 de agosto. Na sequência, salientou que infraestruturas importantes sofreram prejuízos significativos e que dezenas de famílias ficaram em situação de grande vulnerabilidade. Um quadro que, reforça, obrigou a edilidade a mudar as prioridades e a focar-se na recuperação das famílias e zonas afectadas.

Sobre os sucessivos pedidos de encontro com a CMSV pelos grupos, Augusto Neves assume ter recebido alguns emails enviados pelos presidentes antes do mês de agosto, mas diz que essa solicitação deveria partir da direção da Ligoc-SV. Além disso, acha que cada coisa tem o seu momento próprio e esse não era a altura ideal para se discutir o Carnaval.

“O Carnaval não é o único evento cultural que se faz em S. Vicente. A Ligoc poderia ter solicitado um encontro, mas não seria no momento da organização do festival da Baía das Gatas e nem depois da chuva. E todo o mundo sabe que os grupos começam a trabalhar nos estaleiros dois a três meses antes do desfile”, frisou o autarca. Para Neves, os grupos oficiais tiveram tempo suficiente para se prepararem para o desfile de 2026, ou seja, desde o mês de março.

Sobre as condições solicitadas pelos grupos, Neves relembra que a CMSV construiu em 2008 quatro estaleiros na Ribeira d’Craquinha, mas consideraram que ficavam muito longe da cidade. Adiantou, entretanto, que a autarquia elaborou um projecto ainda mais ambicioso e que serão construídos “oportunamente” os estaleiros na entrada da Ribeira d’Vinha, contando a iniciativa já com o compromisso e o apoio financeiro do Governo.

Questionado se acredita numa volte-face dos 4 grupos, Neves deixou claro que haverá Carnaval com ou sem a participação do Samba Tropical, Monte Sossego, Estrela do Mar e Vindos do Oriente. Quanto a realização do concurso oficial, salienta que isto vai depender da decisão da Liga.

O autarca reafirma, mesmo assim, “total abertura” ao diálogo com a Ligoc-SV e os grupos no momento próprio para que possam encontrar as “soluções equilibradas” capazes de manter viva a chama do Carnaval. Assegurou, por outro lado, que a edilidade vai começar a contactar os patrocinadores para ajudar os grupos a financiarem os custos. E sobre este aspecto, lembrou que a CMSV tem vindo a aumentar o subsídio atribuído aos grupos oficiais, que atingiram em 2025 a cifra dos 24 mil contos, ou seja, quatro milhões de escudos para cada um, sem contar com outros apoios.

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