Zandir Santos pede fim ao silêncio em torno do preço único para as Alfândegas anunciado por Olavo Correia

Zandir Santos, mentor da luta contra as condições de despacho nas Alfândegas de Cabo Verde, pede ao Ministro das Finanças, Olavo Correia, que esclareça os cabo-verdianos  sobre o Preço Único anunciado para ser implementado por este serviço. O silêncio em torno deste assunto, diz Zandir, é preocupante, uma vez que a situação de cobrança para se despachar uma carga pode aumentar ainda mais e tornar a situação insustentável. “Podemos ficar pior do que estamos agora. Este não é um filme de suspense. Não queremos ser surpreendidos com um valor exorbitante.”

De acordo com este jovem, o Governo de Cabo Verde deve ainda levar em conta que, quando os emigrantes enviam algo para ajudar os seus familiares no país, estão a fazer um serviço social. Este representante do movimento #nada defende, por outro lado, que este preço único deve ser acessível para todos, de modo a incentivar ainda mais as remessas. “Para muitas pessoas um tambor ê uma ajuda social que um emigrante está a dar ao seus familiares. Seja em roupa, medicamento ou outro bem que o governo de Cabo Verde não fornece ao seu povo, mas que estes familiares fora do país decidem enviar. O governo não pode impedir que esta ajuda chegue a estas famílias, mas sim deve incentivar”, sublinha este jovem”.

Para Santos, por causa da actual situação, em que se cobra “um elevado preço”, as pessoas tendem a desistir de enviar ajudas e, devido a estas “barreiras”, o povo de Cabo Verde é quem sofre. Zandir Santos diz não querer ser surpreendido e porque está expectante com o preço a ser cobrado, mediante o silêncio do executivo a volta do tema. “O ministro tem resposta para tudo, mas no que se refere a este preço único tem mantido um silêncio que nos preocupa. Outra coisa, não podemos confiar nos sucessivos governos em relação às Alfândegas porque se o deixarmos trabalharem como querem, vamos continuar a receber ‘pé no estômago’”, pontua.

Este activista, que utiliza as plataformas digitais para defender esta causa, promete averiguar, junto do Ministro das Finanças, se está a ser feito um estudo para se chegar ao preço a ser cobrado e se as famílias estão a ser envolvidas no processo. Zandir considera, com isso, esta luta contra aquilo que apelida de injustiças praticadas pela Alfândega de Cabo Verde entra agora numa segunda fase. Este conta que, nesta empreitada, conta com apoio de emigrantes conhecidos e de outros que, ao longo desse tempo, têm entrado em contacto consigo, após ficarem a saber do movimento #nada.

Enquanto isso, congratula com a decisão de implementar um scanner das cargas para que estas não sejam abertas para serem conferidas e ainda o despache na hora. Zandir acredita que estas duas medidas são conquistas resultantes da luta que o povo tem feito ao longo do tempo e que só agora consegue resposta. “O sistema de scanner é excelente porque permite que os pertences das pessoas não sejam reviradas, numa invasão de total de privacidade. Também evita que alguns objetos sejam furtados.”

A criação de um órgão contra a corrupção é outra medida que merece ser aplaudida. Apesar de aplaudir todas estas novidades, este jovem critica a situação de dúvida e o silêncio, que diz serem perigosos para o ambiente de negócio nacional e não incentivam o empreendedorismo. “A prova está nas lojas e nos boutiques às moscas, enquanto que os chineses são apoiados pelos seus governos e recebem incentivos fiscais do nosso”, sublinha Zandir Santos, que alega se sentir legalmente discriminado no seu país.

Sidneia Newton (Estagiária)

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