Vereadores do PAICV frontalmente contra a “decisão autocrática” do edil mindelense de realizar 5 dias de festa na Rua de Lisboa 

Os vereadores do PAICV em São Vicente afirmam ser frontalmente contra e demarcam da decisão “autocrática” do presidente da Câmara Municipal de realizar cinco dias de festa na Rua de Lisboa, anunciada durante um evento do MpD realizado na cidade do Mindelo. Para António “Patcha” Duarte, este ato representa um desrespeito para com os órgãos municipais, os vereadores e a população, num contexto de recuperação pós-tempestade e pelas reais prioridades que a ilha ainda precisa. 

Segundo o político, que se fez acompanhar dos seus pares do PAICV Nelson Faria e Luana Jardim, tomaram conhecimento, através de um evento partidário, da decisão unilateral do presidente da Câmara Municipal de São Vicente de realizar estes cinco dias de festa na Rua de Lisboa. Uma medida, para eles, de grande impacto financeiro e social que, no entender de Patcha Duarte, foi anunciada num palco sem a mínima elegância, sem ser comunicada, discutida ou ponderada em sessão da Câmara Municipal, o fórum próprio e democrático para tal. 

“Este acto é a pura expressão do apanágio autocrático que tem caracterizado esta e as várias gestões da CMSV. É um desrespeito grosseiro para com os órgãos municipais, os vereadores e, acima de tudo, para com a população de S. Vicente. Um desrespeito para com o contexto de recuperação pós-tempestade que se vive e pelas reais prioridades que entendemos que a ilha de São Vicente ainda precisa”, sublinha, deixando claro que os autarcas tambarinas na CMSV são  frontalmente contra e demarcam perante a “irracionalidade e desproporcionalidade” deste evento festivo. 

Este porta-voz questiona a sua oportunidade, escala e justificação, num momento em que recursos deveriam estar a ser alocados para áreas críticas para o bem-estar da população. “Nós, os vereadores do PAICV estamos e estaremos sempre do lado de S.Vicente e daqueles que acreditam que a condução da ilha deve ser feita com diálogo, respeito, ponderação e foco no que realmente importa para o desenvolvimento e a qualidade de vida de todos. Lutaremos por este princípio em todos os fóruns e com os meios ao dispor, dentro da CMSV e junto das comunidades. Seremos igualmente frontais e firmes na oposição a tudo o que afronta a dignidade da política, o bom-senso e os verdadeiros interesses de S. Vicente. A nossa luta é pela racionalidade, transparência e por uma gestão que coloque as pessoas no centro das decisões,” desafia. 

Entende o político que, estando na quadra festiva de Natal e Fim-de-Ano, um único dia de festa seria suficiente para celebrar a tradição da ilha da passagem de ano e a resiliência dos mindelenses. “É completamente desajustado, inadequado e desproporcional anunciar cinco dias de festas, quando estivemos a solicitar apoios a nível global – nacional e junto da diáspora -, numa mobilização incessante para que S. Vicente ultrapassasse uma situação difícil. Tivemos municípios que deixaram de realizar as suas festividades – os  festivais de verão – para apoiar financeiramente a ilha.”

Relativamente aos custos do evento, que segundo o edil mindelense provém de empresas, e não dos cofres da CMSV, o autarca desvaloriza esta informação, realçando que esta é a velha tática de Augusto Neves, que insistentemente cita os “velhos amigos” como justificação para o anúncio das festas. António Duarte deixa claro que o PAICV não tem nada contra as festividades, mas concorda em celebrar com a proporção que a ilha precisa neste momento. “Temos um conjunto de situações que precisam ser ultrapassadas: infraestruturas danificadas, redes de drenagem de esgotos e do saneamento básico comprometidos, e parte deste dinheiro serviria para priorizar estas questões.”

Apesar de desconhecer os valores necessários para realizar o evento na Rua de Lisboa, acredita que cinco dias de festas envolvem custos elevados. O PAICV pretende, no entanto, questionar o presidente em fórum próprio, já na próxima sessão da Câmara e da Assembleia Municipal relativamente a esta tomada de decisão. O objectivo é mostrar aos mindelenses que são frontalmente contra. 

A conferência de imprensa, refira-se, foi realizada defronte as obras do polivalente da Zona Norte em Chã de Alecrim, cujos trabalhos estão paralisados, para evidenciar este projecto que vem sendo inscrito no orçamento da CMSV há vários mandatos. “Esta é uma demonstração clara da falta de visão, de transparência e de priorização daquilo que tem de ser priorizado para os mindelenses e para S. Vicente.”  

O citado vereador aproveitou para desejar muita alegria à população nesta quadra festiva, apesar das dificuldades, num ano profundamente marcado pela passagem da tempestade Erin e pelas graves consequências que estão à vista de todos:  casas destruídas, infraestruturas danificadas, susto e sofrimento para as famílias. 

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