Os três vereadores da UCID na Câmara de S. Vicente pediram esta manhã, no Mindelo, uma reacção forte das instituições democráticas de Cabo Verde, designadamente do Ministério da Tutela, da Assembleia Municipal e outros para repor a legalidade na instituição. Samuel Santos, que falava à imprensa no seu gabinete porque o edil terá retido as chaves da sala da reunião e do Salão Nobre dos Paços do Concelho, voltou a acusar A. Neves de bloqueio, falta de transparência e “bullying político“.
Segundo este autarca da oposição, o presidente da CMSV gaba-se de não estar disponível para ouvir ninguém, num acto de arrogância e de “bullying político triste”, não aceitando a introdução de nenhum ponto nas agendas de trabalho, ferindo assim as leis da República que jurou respeitar. Mais: admitiu publicamente ter refém o memorando de entendimento e a delegação de competência aos vereadores que era suposto ter assinado, no acto mediado pela Assembleia Municipal de São Vicente.
“Durante as sessões, tenta passar pontos de forma sorrateira, sem nenhuma transparência, comprometendo seriamente os bons valores e princípios que devem nortear as suas funções. Não disponibiliza as informações e nega compulsivamente entregar à CMSV a relação de dividas com os credores e prestadores de serviço e nem apresentar os respectivos contratos”, enfatiza Samuel Santos.
Às várias denúncias que estes autarcas da oposição têm vindo a fazer, juntam agora uma suposta terceirização do serviço de recolha do lixo nos fins-de-semana, feito à base do clientelismo com um privado, que utiliza os próprios equipamentos e veículos da CMSV. Uma atitude, segundo o vereador, em tudo similar à nomeação do seu “amigo político” para o Conselho de Administração da Zona Económica Especial Marítima de S. Vicente, nome que, diz, já tinha sido chumbado em sessão da Câmara que antecedeu.
“Socorremos desta via para mais uma vez denunciar estes actos de ilegalidade e de abuso do poder, pretendendo com esta denúncia pública que haja reações fortes das instituições democráticas para remir a legalidade na CMSV”, declarou o autarca, que admitiu, entretanto, que já solicitaram por duas vezes intervenção da AM, uma vez à tutela e também a outras instituições, até então sem resposta.
Questionado se os vereadores da UCID vão continuar a convocar conferências de imprensa, que apenas provocam uma resposta do Presidente, o autarca admite que a situação não pode continuar, até porque as instituições devem agir. No entanto, enquanto o edil continuar a bloquear o trabalho, assegura, vão prosseguir com as denúncias.
Já em resposta a afirmação feita por A. Neves de que, por causa deste bloqueio, a CMSV não consegue aceder ao Fundo Municipal de Desenvolvimento, Santos entende que está a tentar culpabilizar os vereadores pelo facto de a autarquia não estar a funcionar, quando é o próprio a não cumprir. A título de exemplo, cita a atribuição de competências aos vereadores nunca concretizado.
“Temos tentado trabalhar da melhor forma que conseguimos, mas somos sempre barrados de uma maneira ou de outra. Mas vamos continuar até conseguirmos fazer aquilo que viemos aqui fazer, que é servir o povo de São Vicente”, afiança este autarca eleito pela UCID, que responsabiliza única e exclusivamente o Presidente pelo clima de crispação existente da CMSV.
Samuel Santos garante que, se quiser, A. Neves pode normalizar a situação e permitir que os demais vereadores façam o seu trabalho porque estão ali para trabalhar e lutar para o bem da ilha. E termina dizendo que também não temem eleições antecipadas, reagindo assim ao repto do edil.