É impossível qualquer contacto, por email ou por telefone, com o Centro Comum de Vistos na cidade da Praia. Esta é a conclusão que o Mindelinsite chega após mais de uma semana de tentativas infrutíferas de contacto por telefone e do retorno dos emails enviados, alegadamente porque o endereço electrónico está com problemas, confirmando assim as críticas e insatisfação dos cabo-verdianos com o serviço prestado pelo CCV. Curiosamente, segundo se lê na sua página oficial, o referido centro “veio tornar possível a existência de condições de atendimento eficiente e agilizar o processo de pedidos de vistos para o espaço Schengen de cidadãos nacionais e estrangeiros legalmente residentes em Cabo Verde”.
Desde o dia 04 de Junho que este website de notícia tenta, por todos os meios, falar com os responsáveis do Centro Comum de Vistos na cidade da Praia, no horário de atendimento publicitado por este serviço, sem sucesso. A ideia era confrontar este serviço com as denúncias de várias pessoas que diziam ser impossível fazer uma marcação no CCV. Uma das nossas fontes garante que, em um dia, chegou a fazer mais de 200 ligações para este serviço, sem sucesso. Na maioria das vezes, afirma, foi colocada em espera, mas houve vezes em que foi atendido por funcionários que sequer a deixaram falar. “Telefonamos para o Centro e somos atendidos pela central automática, que deveria completar a ligação, em função dos serviços solicitados. Entretanto, somos colocados em espera e ficamos assim, durante horas, sem que ninguém se digne atender o telefone. Quando atendem, não me deixam falar. É frustrante e, o mais grave, é que estamos a pagar”, diz Evandro Livramento.
E esta é uma situação que se repete diariamente. Inconformado, Evandro conta que está a tentar conseguir uma marcação para um familiar com consulta marcada em Portugal, mas não consegue. Inclusive chegou a deslocar-se à cidade da Praia, mas também não foi recebido. Foi informado que os atendimentos só são feitos com marcação prévia. “É caricato. Não atendem o telefone para que se consiga fazer uma marcação. No meu caso, já gastei mais de três mil escudos em chamadas, sem resultado. Quando atendem, alguns funcionários são grosseiros e não nos deixam falar. Se tentamos fazer isso em presença, somos escorraçados do Centro Comum de Visto mesmo tendo apresentado o dossiê clínico do doente”, lamenta.
A reclamação deste mindelense é comum a muitos outros que, contam, diariamente perdem horas a tentar falar com aquele serviço. “Não adianta. Por exemplo, para fazer uma marcação para entregar os documentos em São Vicente informam que devemos telefonar a partir das 13h30 até as 16h30. Já tentei inúmeras vezes e nunca consegui ser atendido. Parece que fazem isso de propósito. É desesperante, sobretudo quando sabemos que Cabo Verde está com as portas escancaradas para cidadãos europeus, que não precisam passar por toda esta humilhação a que estamos sujeitos”, frisa Cláudia Cruz.
Estes questionam ainda por que razão o Centro Comum de Vistos não permite fazer as marcações online, sobretudo para pessoas das outras ilhas, o que, dizem, descongestionaria as linhas telefónicas e aliviaria os funcionários. Entretanto, mesmo quando se ultrapassa o obstáculo dos contactos por telefone e email, continua a incerteza quanto aos vistos. É que, segundo Cláudia Cruz, conseguir um visto para viajar para Europa hoje é quase como ganhar uma lotaria. “Já nem artistas, desportistas ou mesmo empresários são considerados no CCV. Hoje não sabemos, verdadeiramente, quais critérios são utilizados para a atribuição de um visto, mesmo apresentando todos os documentos exigidos, incluindo os que provam as motivações da viagem, que pode ser saúde, formação ou outro”, acrescenta.
São estas questões que o Mindelinsite gostaria de esclarecer junto do CCV, mas que, dada a impossibilidade de chegar à fala com os responsáveis, esperamos que quem de direito se disponibilize para responder aos cabo-verdianos. Da nossa parte, abrimos o nosso website para uma entrevista ou esclarecimento dos responsáveis deste serviço em Cabo Verde.
Constânça de Pina