Os utentes, sobretudo da ilha de São Vicente, pedem à Embaixada de Portugal no país para estipular data e hora fixas para a abertura dos agendamentos de pedidos de visto, por forma a evitar especulações, acabar com o açambarcamento e agiotagem sobre os cabo-verdianos. Dizem que a abertura aleatória deste serviço, especialmente de madrugada, aumenta as suspeitas de corrupção, tendo em conta que ninguém é adivinho para acertar a data e a hora.
“É despropositado e, principalmente, disparatado, abrir o serviço de agendamento, por exemplo, às duas horas da madrugada de um dia qualquer. Como é que um utente, sem qualquer aviso prévio, vai conseguir aceder a este serviço sem ser alertado por alguém de dentro da embaixada”? interrogam.
Para as nossas fontes, este procedimento, da forma como vem sendo feito, abre espaço para especulação de preço e alimenta a corrupção. “Acho que ninguém, em seu juízo perfeito, vai pagar 40 mil escudos ou qualquer outro valor para um agendamento de um pedido de visto, sem ter a certeza que o vai conseguir. E isso só é possível se a pessoa, empresa ou outro qualquer tiver informação privilegiada do dia e da hora para fazer o agendamento. É especulação, é corrupção.”
Se querem, de facto, acabar com as suspeitas, defendem, basta fixar uma data e hora para abertura do agendamento. “Por exemplo, divulgam um comunicado onde informam que, a partir do dia 25 ou 30 de cada mês o serviço de agendamento estará aberto das 8 à 12 horas. Ou então, a partir do momento da abertura do serviço de agendamento, fica aberto até esgotarem as vagas. Cada um, por iniciativa própria, vai tentar fazer o seu agendamento e, se não conseguir, paciência”, sugerem.
Para as referidas fontes, continuar da forma como está e depois vir pedir aos cabo-verdianos para denunciar, é uma falácia, uma tentativa de jogar poeira nos olhos das pessoas. Mais caricato ainda, dizem, é a Procuradoria-Geral da República anunciar a abertura de um inquérito para apurar se há ou não corrupção no processo.
Uma breve passagem pela pagina oficial do Centro Comum de Visto atesta o tom das criticas dos cabo-verdianos ao processo de agendamento de visto, que apelidam agora de “centro de negócios privados.”