A União dos Sindicatos de S. Vicente vai convocar na próxima semana um encontro de dirigentes, delegados e activistas sindicais para, conforme Luís Fortes, dar-lhes conta do despejo da sua sede na UNTC-CS no Mindelo, por iniciativa da presidente Joaquina Almeida, acto que classifica de hediondo, bárbaro e de puro vandalismo. Nessa reunião, acrescenta esse porta-voz, serão analisadas as medidas e ações a serem tomadas, deixando claro que a USV não vai baixar os braços.
“Em agenda, e logo a seguir ao encontro de dirigentes, delegados e activistas sindicais, está também prevista uma grande assembleia de trabalhadores afectos aos vários sindicatos sediados em S. Vicente, com o mesmo objectivo”, adiantou Fortes esta manhã numa conferência de imprensa “inédita e surreal” realizada na parte central da Praça Nova, pelo facto de estarem sem acesso aos escritórios desde o dia 8 de abril.
Luís Fortes salientou no contacto com os jornalistas que a USV está, sim, em plena rua, sem espaço para trabalhar e receber os trabalhadores e os ajudar na resolução dos problemas laborais. Segundo este dirigente da USV, estão impedidos de continuar as suas ações de capacitação e limitados nos contactos com as empresas e empregadores.
Assegura, no entanto, que os trabalhadores vão manter em vigor a luta para regressarem ao edifício e resgatar esse património e a história imaterial do sindicalismo em S. Vicente. Para Fortes, a própria sociedade mindelense deve mostrar a sua condenação a esse acto, que, diz, atinge toda a ilha e a história dos trabalhadores mindelenses. Enfatiza que, por ordem do Tribunal de S. Vicente, foram escorraçados e despojados da sede no dia 8 de abril, acto que contou com a proteção da Polícia Nacional. O mais grave ainda, sublinha, por solicitação de Joaquina Almeida, UNTC-CS, que da Praia acompanhada de uma comitiva, exclusivamente para correr os sindicatos da USV do edifício e mudar as fechaduras.
“Ela, de facto, cumpriu a sua missão: expulsou-nos da sede, arrebentou as fechaduras de dez portas, com marretas e talhadeiras, e cá estamos nós sem saber onde nos vamos meter”, diz Fortes. Conforme as suas palavras, foram obrigados a abandonar a sede da USV, deixando parte dos pertences e equipamentos lá dentro e até hoje não lhes foi possível aceder aos gabinetes, correndo o risco de perderem processos de trabalhadores por causa dos prazos a cumprir. Segundo as suas palavras, durante o processo de despejo foram pressionados por Joaquina Almeida para retirarem os seus pertences dos gabinetes. Para ele, a situação vivida agora pela união sindical foi provocada por mero capricho, vingança e acto de perseguição da presidente da UNTC-CS.
Luís Fortes explica que o espaço foi doado pelo Governo de Cabo Verde para alojar os sindicatos de S. Vicente filiados na central sindical e enfatiza que a sede da USV foi ocupada em 1974 pelos sindicatos, ainda antes da criação da UNTC-CS, que surgiu quatro anos depois.
O dirigente sindical acusou, entretanto, a presidente da UNTC-CS de aumentar a fileira do desemprego em Cabo Verde, enviando para a rua os próprios trabalhadores da central sindical, para depois indemniza-los com o dinheiro da própria central. Afirma que isso aconteceu com 3 funcionários na cidade da Praia e vai acontecer agora a outros 3 na cidade do Mindelo com a expulsão da USV do edifício.
Questionado sobre o futuro do sindicalismo em S. Vicente, caso a USV não consiga regressar à sede, Luís Fortes deixa claro que a luta é no sentido da retoma do local. Mas até lá não descarta a possibilidade de alugarem um espaço para continuarem a trabalhar.