O primeiro-ministro Ulisses Correia e Silva fez um discurso na inauguração do hotel Robinson Club Cabo Verde, na ilha do Sal, que deixou dúvidas se estava a falar na qualidade de Chefe do Governo, como ex-presidente da Câmara da Praia ou praiense preocupado em puxar a brasa para a sua cidade. Depois de agradecer o convite e elogiar o impacto que esse investimento estrangeiro vai ter na economia do país e na taxa de emprego, decidiu convidar os hóspedes e turistas a visitar outra ilha, mais especificamente Santiago, a “Praia-city”.
“Queria desejar-vos a todos boa estadia no Sal. Se tiverem oportunidade podem ir visitar outra ilha, como Santiago, minha ilha, Praia-city”, disse em “bom” inglês.
O convite despertou risos e uns tímidos aplausos do público. Ao tomar consciência do “colete de forças” em que se meteu, o “premier” tentou remediar as coisas e “justificar”: “Como o presidente da Câmara do Sal esteve a promover a sua ilha, eu tenho de o fazer também…” “Eu tenho de promover todas as ilhas, de Santo Antão à Brava, ‘the small one’”, acrescentou, finalmente.
Uma “rectificação” que chegou tarde para algumas pessoas presentes no local. Para duas fontes ouvidas pelo Mindelinsite, a mensagem do Primeiro-ministro foi bem entendida por toda a gente, cabo-verdianos e estrangeiros. “Ele foi traído pelo seu amor pela cidade da Praia. É compreensível, desde que estivesse a discursar como autarca. Para mim, ele acabou por confirmar que a sua preocupação era realmente induzir os turistas a visitarem especificamente a cidade da Praia, onde o Governo quer desenvolver o turismo e enfiar mais investimentos. Isso ficou claro como água quando vem com essa de que, como o ‘mayor’ do Sal estava a promover a sua ilha, ele se sentia na obrigação de promover a ‘sua’ cidade também. Casta de cosa e esse?!”, exclama uma dessas fontes.