UCID vai apresentar pacote de “medidas estruturantes” para reconstrução de SV e propõe 11 de agosto como Dia da Solidariedade Sanvincentina

Os vereadores da UCID na CMSV vão apresentar um pacote de “medidas estruturantes” para a reconstrução de S. Vicente, ilha gravemente afectada pela tempestade Erin, com foco no planeamento urbano, realojamento seguro, reforço dos serviços de emergência e recuperação sanitária. A garantia foi dada ontem em conferência de imprensa por Anilton Andrade, presidente regional do referido partido em S. Vicente, salientando que as propostas serão reveladas nas sessões da vereação e ficarão constadas nas actas.

Adiantou, entretanto, que a UCID defende a instituição de 11 de agosto como o Dia da Solidariedade Sanvicentina, em memória da tragédia provocada pelo temporal, que provocou mortes e destruição de imóveis e vias de circulação. A data, acrescenta esse vereador, deve ser assumida ainda como símbolo da força, resiliência e solidariedade do povo cabo-verdiano, “que tantas vezes substituiu o papel do Estado e da Câmara”, para que jamais alguém morra nas condições observadas.

Apesar dos trabalhos de desobstrução das estradas e de residências soterradas pela enxurrada, a UCID considera que a normalidade está longe de ser reposta em S. Vicente, decorridos 40 dias sobre a tempestade. Nas palavras do porta-voz, o que impera é a inércia, a desorganização e a ausência de visão estratégica por parte dos poderes locais e centrais para solucionar os danos causados pelo temporal.

“As chuvas de 11 de agosto e de 11 de setembro foram, antes de mais, um despertar brutal para uma verdade há muito ignorada: São Vicente é uma ilha com infraestruturas frágeis, fruto de anos de más decisões, obras mal planeadas e prioridades invertidas”, afirma Anilton Andrade. Enfatiza que, pior do que os estragos materiais, é a sensação de abandono que hoje paira sobre a ilha do Monte-Cara.

A falta de resposta e planeamento, diz o político, é gritante. Salienta que nada justifica o estado actual da cidade do Mindelo: terras e entulhos acumulados nas bermas das estradas, esgotos a céu aberto, vias de acesso degradadas, canais de drenagem entupidos e construções em zonas de risco, “muitas delas autorizadas, ou não, pela CMSV. Este cenário leva a UCID a perguntar por onde anda o plano de ação, com os prazos de execução e cronograma, e os recursos.

“É fácil constatar o descaso e desrespeito pela dignidade humana. É inadmissível que ainda existam famílias desalojadas, sem qualquer solução habitacional minimamente digna. Não se pode submeter ninguém a sofrimento prolongado, sobretudo, quando existem meios ao dispor”, critica Andrade, para quem o mais grave é saber que um centro de saúde foi forçado a encerrar por falta de intervenção da Câmara na correção de esgotos a céu aberto nas imediações.

Isso é mais do que desleixo — é um atentado contra o direito à saúde”, frisa o líder regional da UCID. Exclama que, se nem a saúde pública é prioritária, o que mais se pode esperar. Anilton Andrade relembra que a tempestade afectou o comércio informal – que foi “empurrado” para os passeios -, o sector do turismo – que está perante uma “cidade desorganizada” – e a confiança das pessoas nas instituições.

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